Reflexões sobre o futuro do Fórum Social Mundial são uma regra. Em todas as edições do evento, realizado seis vezes antes de chegar à sua versão no Quênia, perguntas sobre como deve ou não deve ser o FSM circulam entre seus participantes. É este o melhor formato para reunir e reforçar os movimentos sociais ao redor do mundo? O Fórum, afinal, não deve ter um documento final, que expresse os pontos de vista e uma linha de ação para os ativistas por um outro mundo possível
No Fórum de Nairóbi, o que era objeto de conversas informais foi também razão para reunir cerca de 70 pessoas, de várias partes do mundo, em uma atividade especialmente inscrita para refletir sobre o FSM. A reunião foi proposta por um grupo de organizações, entre elas a Agência IPS e a Rede pela Democratização Global (NIGD, na sigla em inglês). Divididos em grupos de trabalho, segundo o critério da língua falada, estes participantes do FSM expressaram algumas das preocupações correntes sobre para onde caminha o que todos concordam ser o mais importante movimento de resistência ao neoliberalismo.
Outro ponto consensual entre os ativistas que participaram da atividade foi o de que o Fórum é um momento de compartilhamento de ações, propostas e pontos de vista e de extensão do conhecimento e das parcerias. Esta troca teria servido para dar novo impulso aos movimentos e organizações sociais.
Para alguns, o FSM contribuiu também para criar um novo imaginário político após o colapso do Bloco Socialista. Novos conceitos que responderam ao que os ativistas chamam de nova forma de imperialismo – ora perpetrado pelos Estados Unidos, ora pelas nações ricas como um todo, ora pelas multinacionais. Porém, a reunião mostrou que os participantes do Fórum esperam que novos passos sejam dados.
Para alguns, há um problema estrutural, em relação à participação de mais e mais pessoas. Talvez tocados pela situação registrada em Nairóbi, onde houve protestos pelo preço cobrado na inscrição dos moradores da capital queniana, muitos lembraram que o FSM deve estar aberto e acessível aos que, de fato, são vítimas do neoliberalismo. A quantia cobrada era de Ksh 500, ou US$ 7. Uma moradora da periferia da cidade que trabalhe como faxineira eventual consegue fazer por mês cerca de Ksh 1.200.
Também, a dificuldade de compartilhar com quem não teve a oportunidade de estar no local do evento dos resultados do FSM. Parte dos ativistas presentes, citaram o reforço das estratégias de comunicação e o registro destes resultados (para serem compartilhadas em livros ou pela internet) como uma forma de driblar o problema.
Para além das sugestões mais triviais, a questão que gera de fato polêmica dentro do processo Fórum foi citada diversas vezes pelos participantes da atividade. Até hoje, o FSM define-se como um “espaço” para os movimentos e organizações, ou um “processo” de construção de alternativas. Com isso, não faz qualquer tipo de declaração – política ou estratégica. Este novo conceito de organização, que para muitos é a essência do Fórum e – de certa forma – de uma nova democracia, foi criticado por vários dos participantes. Para estes, o FSM deve ousar ações concretas. Em outras palavras, definir caminhos para o movimento que busca o outro mundo possível.
Participantes discutem futuro do Fórum Social Mundial
Achei a matéria muito interessante. O FSM é indispensável para a melhoria do mundo atual, mas em tudo o que há, há problemas. Estes problemas devem ser solucionados, ou ao menos uma solução deve ser buscada. O preço do ingresso do fórum é muito alto, acho um absurdo. Uma atividade que visa um mundo melhor para TODOS, deve ser de livre acesso também para TODOS. Se é difícil, novamente as soluções são o melhor caminho. Que as soluções sejam buscadas, e o Fórum Social Mundial, junto com todos nós, faça do mundo, um lugar melhor.