[en]WSF: A pause on the way[es] Foro Social Mundial: un alto en el camino[pt_br]FSM: uma parada no caminho

Foto: Henrique Parra

[en]WSF: A pause on the way

The World Social Forum met in Nairobi, Kenya from 20 to 25 January. Beyond the opinion that each one of us may have about its achievements, what we would like to highlight is not so much what was said or what was done there but its message that “another world is possible.” .

This message implicitly means that the present world is no longer possible. In this world, increasingly dominated by large corporations, social and environmental problems are aggravated year after year. In spite of the incessant intervention of so-called solutions by those seeking desperately to keep it alive, the truth is that in most cases, the remedy is worse than the illness itself. Let us look at some examples of these so-called “solutions” in WRM’s scope of action:

– To face the loss of biodiversity, the main “solution” is the establishment of protected areas, implying among other things eviction of the communities who live in them

– To face deforestation, “solutions” are added, such as protected areas, monoculture tree plantations and certification of plantations and forests

– To face climate change, some of the “solutions” are carbon sinks (tree plantations) and biofuels (oil palm, transgenic soybean and maize, sugarcane).

Each one of these “solutions” implies a series of serious negative social and environmental impacts that we have explained in numerous articles in the WRM Bulletin. Their true value is zero and they only serve to give the deceitful impression that everything can be solved without resorting to the sweeping changes urgently required. Among other things, they enable the following:

– To continue with deforestation so that large companies (timber, mining, oil, hydroelectric, shrimp) can carry on making profits with the excuse that there are protected areas to maintain biodiversity, that plantations lessen the pressure on forests (and that they are certified), that hydroelectric dams do not cause greenhouse effect gas emissions, etcetera.

– To continue promoting agricultural and tree monoculture plantations and their accompanying package of agrochemicals and transgenic plants so that the large seed, chemical, biotechnological and pulp companies can carry on making profits under the false pretence that they are attempting to mitigate hunger in the world or substitute oil by biofuels or produce the paper the world needs.

– To continue destroying the climate with the continuous burning of fossil fuels allowing oil companies to carry on making their profit, but also to enable other large companies (palm oil, sugar, biotechnology, etc.) to enter the business.

– To continue destroying the base for subsistence of millions of peasants and indigenous people through appropriation of land, water and forests by the large companies (in the water, biotechnology, pharmaceutical, pulp business, etc.).

In spite of its apparent strength, that world has already shown itself to be impossible and that it destroys the very foundations of the world we all live in.

To face this, the message of the Forum is “another world is possible.” What kind of world? A world that is socially supportive and environmentally respectful. But how would it be? We don’t have an answer but we do have the conviction that it is possible. How do we reach this? Perhaps the words of the writer Eduardo Galeano will serve to make us think:

“Utopia is on the horizon. I move two steps closer, it moves two steps further away. I walk another ten steps and the horizon runs ten steps further away. As much as I may walk, I’ll never reach it. So what’s the point of utopia? The point is this: to keep walking”

Along this walk, the World Social Forum is just a pause on the way, where an enormous diversity of walkers stops to exchange ideas among themselves. What matters is not what the Forum does or what the Forum can do, but that the walkers start finding ways to reach that “other possible world.”
[pt_br]O Fórum Social Mundial reuniu-se em Nairobi, Quênia, de 20 a 25 de janeiro. Além das opiniões pessoais sobre o que aí foi obtido, o que para nós é mais importante salientar não é o que aí foi dito ou feito, senão sua mensagem de que “outro mundo é possível”.

Tal mensagem transmite implícitamente que o mundo atual deixou de ser possível. Neste mundo cada vez mais dominado por grandes corporações, os problemas sociais e ambientais agravam-se ano após ano. Apesar da invenção incessante de supostas soluções apresentadas por aqueles que procuram a todo custo mantê-lo vivo, o certo é que, na maioria dos casos, se constata que é pior a emenda que o soneto. Vejamos exemplos de algumas dessas “soluções” no âmbito de ação do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM, sigla em inglês):

– Diante da perda de biodiversidade, a principal “solução” é o estabelecimento de áreas protegidas, que entre outras coisas implica a expulsão das comunidades que nelas habitam.

– Diante do desmatamento, acumulam-se “soluções” tais como áreas protegidas, plantações de monoculturas de árvores e a certificação de plantações e florestas.

– Diante da mudança climática, algumas das “soluções” são os sumidouros de carbono (plantações de árvores em grande escala), e os biocombustíveis (plantações de dendezeiros, soja e milho transgênicos, cana-de-açúcar).

Cada uma dessas “soluções” implica uma quantidade de sérios impactos sociais e ambientais, que temos detalhado em numerosos artigos do boletim do WRM. Seu valor real é nulo e apenas servem para dar a enganosa impressão de que tudo pode ser resolvido sem ter que apelar às mudanças profundas que se necessitam urgentemente. Entre outras coisas, possibilitam:

– Que continue o desmatamento a fim de as grandes empresas (madeireiras, mineiras, petroleiras, hidrelétricas, camaroneiras) continuarem acumulando lucros, sob o pretexto que as áreas protegidas existem para manter a biodiversidade, que as plantações atenuam a pressão sobre as florestas (e que estão certificadas), que as hidrelétricas não provocam emissões de gases de efeito estufa, etc.

– Que continue a promoção de monoculturas (agrícolas e florestais) e o pacote a elas ligado de agrotóxicos e transgênicos para as grandes empresas (semeadoras, químicas, biotecnológicas, papeleiras) continuarem acumulando lucros, sob o falso pretexto que pretendem paliar a fome do mundo, ou substituir petróleo por biocombustíveis ou produzir o papel que o mundo precisa.

– Que continue a destruição do clima com a contínua queima de combustíveis fósseis e que não apenas as empresas petroleiras continuem acumulando lucros, senão que também possam entrar no negócio outras grandes empresas (do negócio do dendê, açucareiras, biotecnológicas, etc.).

– Que continue a destruição da base de sustento de milhões de camponeses e indígenas através da apropriação de terras, águas e florestas por parte das grandes empresas (do negócio da água, biotecnológicas, farmacéuticas, papeleiras, etc.).

A despeito de sua aparente fortaleça, esse mundo já demonstrou que não é nem social nem ambientalmente viável no longo prazo e já está destruindo os próprios alicerces do mundo que todos nós habitamos: o clima, a água, o solo, o ar, a biodiversidade.

Diante disso, a mensagem do fórum é que “outro mundo é possível”. Qual mundo? Um mundo socialmente solidário e ambientalmente respeitoso. Mas como será? Não temos uma resposta, mas temos a convicção que é possível. Como chegar lá? Talvez as palavras do escritor Eduardo Galeano sirvam para fazer-nos pensar:

“A utopia está no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela afasta-se dois passos. Caminho dez passos e o horizonte afasta-se dez passos. Por muito que caminhe, nunca a alcançarei. Para que serve a utopia? Para isto: serve para caminhar”.

Nessa caminhada, o Fórum Social Mundial é apenas uma parada no caminho, onde uma enorme diversidade de caminhantes pára para intercambiar suas idéias. Portanto, além de tudo o que for feito no Fórum ou do que o Fórum puder fazer, o que importa mesmo é que os caminhantes vão encontrando os caminhos para chegar a esse “outro mundo possível”.

[es]

El Foro Social Mundial se reunió en Nairobi, Kenia, del 20 al 25 de enero. Mas allá de la opinión que cada uno pueda tener acerca de lo que allí se logró, a nosotros nos importa destacar no tanto lo que allí se dijo o hizo, sino su mensaje de que “otro mundo es posible”.

Dicho mensaje lleva implícito que el actual mundo ha dejado de ser posible. En este mundo cada vez más dominado por grandes corporaciones, los problemas sociales y ambientales se agravan año tras año. A pesar de la invención incesante de supuestas soluciones por parte de quienes buscan a toda costa mantenerlo vivo, lo cierto es que en la mayoría de los casos el remedio prueba ser peor que la enfermedad. Veamos ejemplos de algunas de dichas “soluciones” en el área en que se mueve el WRM:

– Frente a la pérdida de biodiversidad, la principal “solución” es el establecimiento de áreas protegidas, que entre otras cosas implican la expulsión de las comunidades que allí habitan

– Frente a la deforestación, se suman “soluciones” tales como áreas protegidas, plantaciones de monocultivos de árboles y la certificación de plantaciones y bosques

– Frente al cambio climático, algunas de las “soluciones” son los sumideros de carbono (plantaciones de árboles a gran escala), y los biocombustibles (plantaciones de palma aceitera, soja y maíz transgénicos, caña azucarera).

Cada una de esas “soluciones” implica una cantidad de graves impactos sociales y ambientales, que hemos detallado en numerosos artículos del boletín del WRM. Su valor real es nulo y solo sirven para dar la engañosa impresión de que todo puede ser resuelto sin tener que apelar a los cambios profundos que se requieren urgentemente. Entre otras cosas hacen posible:

– Que se continúe deforestando para que las grandes empresas (madereras, mineras, petroleras, hidroeléctricas, camaroneras) sigan haciendo sus ganancias, con la excusa de que hay áreas protegidas para mantener la biodiversidad, que las plantaciones alivian la presión sobre los bosques (y que están certificadas), que las hidroeléctricas no resultan en emisiones de efecto invernadero, etcétera.

– Que se continúen promoviendo los monocultivos (agrícolas y forestales) y su paquete acompañante de agrotóxicos y transgénicos para que las grandes empresas (semilleras, químicas, biotecnológicas, papeleras) sigan haciendo sus ganancias, con las falsas excusas de que pretenden paliar el hambre en el mundo, o sustituir petróleo por biocombustibles, o producir el papel que el mundo necesita.

– Que se continúe destruyendo el clima con la continua quema de combustibles fósiles y que no solo las empresas petroleras sigan haciendo sus ganancias, sino que puedan entrar al negocio otras grandes empresas (del negocio del aceite de palma, azucareras, biotecnológicas, etc.).

– Que se continúe destruyendo la base de sustentación de millones de campesinos e indígenas mediante la apropiación de tierras, aguas y bosques por parte de grandes empresas (del negocio del agua, biotecnológicas, farmacéuticas, papeleras, etc.).

Pese a su aparente fortaleza, ese mundo ha demostrado no ser ni social ni ambientalmente viable a largo plazo y ya está destruyendo los propios cimientos del mundo que todos habitamos: el clima, el agua, el suelo, el aire, la biodiversidad.

Frente a ello, el mensaje del foro es que “otro mundo es posible”. ¿Cuál mundo? Un mundo socialmente solidario y ambientalmente respetuoso. ¿Pero cómo será? No tenemos una respuesta, pero sí la convicción de que es posible. ¿Cómo se llega? Quizá las palabras del escritor Eduardo Galeano sirvan para hacernos pensar:

“La utopía está en el horizonte. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se desplaza diez pasos más allá. Por mucho que camine, nunca la alcanzaré. ¿Para qué sirve la utopía? Para eso: sirve para caminar”.

En esa caminata, el Foro Social Mundial es apenas un alto en el camino, donde una enorme diversidad de caminantes se detiene para intercambiar ideas entre sí. Más allá entonces de lo que se haga en el Foro, o de lo que el Foro pueda hacer, lo que más importa es que los caminantes vayan encontrando los caminos para llegar a ese “otro mundo posible”.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *