O epistemicídio: uma breve leitura a partir de Sueli Carneiro

O etnocentrismo branco europeu como modelo cultural de dominação destitui de legitimidade as possibilidades outras de conhecimento, e também, subjetivamente, os seus produtores: o outro não branco. Esta negação do conhecimento não provindo do Velho Mundo, é a segunda ponta do eixo da violência colonizadora, que se abateu sobre o continente africano e as Américas.

Aparecida Sueli Carneiro Jacoel, filósofa, escritora, militante antirracista e feminista negra, fundadora do Geledés — Instituto da Mulher Negra, em sua tese doutoral, abre um capítulo para abordar o epistemicídio, que, particularmente, me conduziu a algumas conexões sobre o racismo na produção científica.

Para Sueli Carneiro:

‘‘[…] o epistemicídio é, para além da anulação e desqualificação do conhecimento dos povos subjugados, um processo persistente de produção da indigência cultural: pela negação ao acesso a educação, sobretudo de qualidade; pela produção da inferiorização intelectual; pelos diferentes mecanismos de deslegitimação do negro como portador e produtor de conhecimento e de rebaixamento da capacidade cognitiva pela carência material e/ou pelo comprometimento da auto-estima pelos processos de discriminação correntes no processo educativo’’.

A percepção desta realidade de violência colonial até os dias atuais, é também o ponto inicial para esta quebra de paradigma, que requer do intelectual preto/preta e indígena, uma produção ativista, militante e de ocupação intermitente dos espaços científicos sem melanina.

É aí que a criação de novos cursos de pós-graduação com uma proposta de uma historiografia dos subalternos – História da África e dos Povos Tradicionais- e não positivista, a radicalização de políticas afirmativas no ensino superior, e o reconhecimento dos saberes dos povos quilombolas, indígenas e de santo, sem a roupagem da apropriação cultural, compreende o conjunto de ações de combate ao epsitemicídio.

Um conhecimento afrocentrado se impõe ao povo preto como luta intelectual, sobretudo ao cotejar as teorias e leituras colonizadoras que são ‘‘empurradas’’ como unicamente válidas. Latentemente, o que fora concebido em Europa reflete a visão estrutural e racista de um olhar para o Outro não branco e não europeu, tal como a hierarquia entre raças presente nas ideias de Kant e Hegel, e, por conseqüência, de humanidades ou gradientes destas. Por exemplo, o que temos a teorizar sobre a escravidão negra e indígena a partir do marxismo forjado para o proletariado branco? Nesse quesito recomendo ‘‘Marxismo e a questão racial’’ de Carlos Moore e o ‘’Documento 4’’ da obra ‘‘O Quilombismo’’.

‘‘epistemicidio XSuprem, medicina dos indios, Escrava Anastácia – Jacques Arago (1817-1818), Sueli Carneiro – foto Marcus Steinmayer), ANPG

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Pedrinha Miudinha com Franklim Peixinho

Lyrics for Redemption Song by Bob Marley

Old pirates, yes, they rob I,
Sold I to the merchant ships,
Minutes after they took I
From the bottomless pit.

But my hand was made strong
By the ‘and of the Almighty.
We forward in this generation
Triumphantly.

Won’t you help to sing
These songs of freedom?
‘Cause all I ever have,
Redemption songs,
Redemption songs.

Emancipate yourself from mental slavery,
None but ourselves can free our minds.
Have no fear for atomic energy,
‘Cause none of them can stop the time.
How long shall they kill our prophets,
While we stand aside and look?
Some say it’s just a part of it,
We’ve got to fulfill de book.

Won’t you help to sing
These songs of freedom?
‘Cause all I ever have,
Redemption songs,
Redemption songs,
Redemption songs.

Emancipate yourself from mental slavery,
None but ourselves can free our mind.
Have no fear for atomic energy,
‘Cause none of them can stop the time.
How long shall they kill our prophets,
While we stand aside and look?
Some say it’s just a part of it,
We’ve got to fulfill the book.

Won’t you help to sing,
These songs of freedom?
‘Cause all I ever had,
Redemption songs.
All I ever had,
Redemption songs
These songs of freedom
Songs of freedom

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