Francisco Rei: a realeza banto

A escravização de pessoas trazidas de África para o Brasil gerou reações diversas na luta pela liberdade por aqueles injustamente privados e forçados a trabalhos. A experiência política dos ajuntamentos em Quilombos traduz a organização estratégica do povo preto para a reconquista de sua liberdade.

Bem certo, que outros modos de sobrevivência foram engenhosamente laborados para finalidades diversas, tais como a preservação da identidade cultural, expressa na dança, língua, canto e religiosidade de matriz africana.

Nesse passo, a riquíssima história de Francisco Rei, que chega ao Brasil após ser aprisionado e seqüestrado juntamente com sua família real, inspira a construção de meios apropriados para superação de um determinado tipo de opressão.

Este rei banto era de origem do Reino do Congo, e viu sua família perecer na travessia do Atlântico, sobrevivendo somente o seu filho.

No Brasil, Chico Rei trabalhava nas minas de ouro na região das Gerais. No dia em que o rei africano poderia trabalhar para si, este constituía uma espécie de poupança para que pudesse comprar, inicialmente, a sua liberdade e a posteriori, a de seu filho e demais pretos que estavam na aquela situação de privação para o trabalho forçado.

Assim, o mesmo conseguiu a sua carta de alforria, a de seu filho e de outros pretos. Outrossim, Chico Rei tornou-se um homem com posses, o que lhe permitiu comprar a mina Encardideira, como também realizar doações para as reformas e festas da igreja católica.

Na obra ‘‘O quilombismo’’, o professor Abdias do Nascimento alarga o conceito de Quilombo para compreender toda e qualquer instituição societária voltada à proteção, promoção e emancipação do povo preto. Aqui eu acrescento os comportamentos com este viés, que denomino de ações individuais quilombolas.

Foi Chico Rei um grande herói da raça negra, um preto com espírito da realeza onde quer que esteja. Um verdadeiro Rei, que libertou a si a seu povo.

Imagem: montagem Ciranda net (Chico Rei, Selo comemorativo, cartaz filme Chico Rei, capa livro infantil Chico Rei)

Samba Enredo 1964: Chico Rei

Compositores: Geraldo Babão, Djalma Sabiá e Binha

Vivia no litoral africano
um régia tribo ordeira
cujo rei era símbolo
de uma terra laboriosa e hospitaleira.
Um dia, essa tranqüilidade sucumbiu
quando os portugueses invadiram,
capturando homens
para fazê-los escravos no Brasil.

Na viagem agonizante,
houve gritos alucinantes,
lamentos de dor
Ô-ô-ô-ô, adeus, Baobá,
Ô-ô-ô-ô-ô, adeus, meu Bengo, eu já vou.

Ao longe Ninas jamais ouvia,
quando o rei, mais confiante,
jurou a sua gente que um dia os libertaria.

Chegando ao Rio de Janeiro,
no mercado de escravos
um rico fidalgo os comprou,
para Vila Rica os levou.

A idéia do rei foi genial,
esconder o pó do ouro entre os cabelos,
assim fez seu pessoal.

Todas as noites quando das minas regressavam
iam à igreja e suas cabeças lavavam,
era o ouro depositado na pia
e guardado em outro ligar de garantia
até completar a importância
para comprar suas alforrias.

Foram libertos cada um por sua vez
e assim foi que o rei,
sob o sol da liberdade, trabalhou
e um pouco de terra ele comprou,
descobrindo ouro enriqueceu.

Escolheu o nome de Francisco,
ao catolicismo se converteu,
no ponto mais alto da cidade Chico-Rei
com seu espírito de luz
mandou construir uma igreja
e a denominou
Santa Efigênia do Alto da Cruz!

Vivia no litoral africano
um régia tribo ordeira
cujo rei era símbolo
de uma terra laboriosa e hospitaleira.
Um dia, essa tranqüilidade sucumbiu
quando os portugueses invadiram,
capturando homens
para fazê-los escravos no Brasil.

Na viagem agonizante,
houve gritos alucinantes,
lamentos de dor
Ô-ô-ô-ô, adeus, Baobá,
Ô-ô-ô-ô-ô, adeus, meu Bengo, eu já vou.

Ao longe Ninas jamais ouvia,
quando o rei, mais confiante,
jurou a sua gente que um dia os libertaria.

Chegando ao Rio de Janeiro,
no mercado de escravos
um rico fidalgo os comprou,
para Vila Rica os levou.

A idéia do rei foi genial,
esconder o pó do ouro entre os cabelos,
assim fez seu pessoal.

Todas as noites quando das minas regressavam
iam à igreja e suas cabeças lavavam,
era o ouro depositado na pia
e guardado em outro ligar de garantia
até completar a importância
para comprar suas alforrias.

Foram libertos cada um por sua vez
e assim foi que o rei,
sob o sol da liberdade, trabalhou
e um pouco de terra ele comprou,
descobrindo ouro enriqueceu.

Escolheu o nome de Francisco,
ao catolicismo se converteu,
no ponto mais alto da cidade Chico-Rei
com seu espírito de luz
mandou construir uma igreja
e a denominou
Santa Efigênia do Alto da Cruz!

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