Nairóbi, Quênia – Representante do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva no 7° Fórum Social Mundial, o ministro Luiz Dulci, da
Secretaria-Geral da Presidência da República, mandou uma mensagem aos
ativistas e participantes do encontro: entidades que representam a
sociedade civil têm que pressionar os governos para a conquista das
transformações buscadas no encontro. “No governo não pode haver
radicalismo. Cabe aos movimentos sociais fazer pressões para
participar do processo político”, declarou Dulci.
Em sua participação no seminário “Governos e Partidos Políticos”, o
ministro disse que autoridades e partidos não podem misturar suas
responsabilidades com as de movimentos sociais para a criação de uma
agenda destinada à sociedade. João Felício, secretário de Relações
Internacionais da CUT, disse que as organizações populares radicalizam
para atender ‘as exigências da base. “Temos sempre que disputar espaço
na discussão política. Se não lutarmos, outros setores, como o
empresarial, preencherão este espaço”, afirmou o sindicalista.
O ministro Luiz Dulci deixou claro que não é função do Fórum Social
propor programas políticos para o Estado. Ao mesmo tempo, ele
reconheceu que entidades merecem espaço dentro da estrutura
governamental. “Devemos respeitar a autonomia do Fórum e criar espaços
na estrutura do Estado para que a agenda da sociedade possa se
expressar de acordo com compromissos assumidos. Os resultados são
variáveis, às vezes melhores, outras vezes piores.” O ministro
exemplificou com políticas públicas definidas com participação
popular, como as conferências nacionais, os conselhos políticos e a
última negociação entre governo e centrais sindicais sobre o aumento
do salário mínimo, em dezembro.
Ontem, parte do Fórum Social Mundial, que acontece na capital do
Quênia, no leste africano, se voltou para discussões estruturais. Os
organizadores decidiram que o encontro terá novos formatos já a partir
deste ano. “Vamos expandir o alcance do Fórum. Em junho teremos o
Fórum Social Norte-Americano. No ano que vem, vamos organizar eventos
no máximo de lugares possíveis para ter um enfoque com mais peso em
temas locais. Em janeiro de 2009, voltaremos com um grande encontro
unificado para compartilhar as experiências adquiridas ao longo do
período”, anunciou o empresário Oded Grajew, idealizador da primeira
edição do Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, em 2001.
Nesta quarta-feira (24), os participantes do Fórum de Nairóbi se
dedicam a uma atividade inédita: a apresentação de propostas sobre o
que foi discutido nos primeiros dias do encontro. O evento será
encerrado amanhã com uma maratona em defesa dos direitos humanos.