Sábado-feira abre caminho para a história de Sampa no FSM

Um dia após a comemoração dos seus 454 anos, São Paulo figurou entre as 48 cidades brasileiras que resolveram se juntar a mais de 80 países num esforço de chacoalhar o planeta durante mais uma edição do Fórum Social Mundial. Cerca de 2500 pessoas, entre expositores e público geral, circularam pelo espaço que no imaginário de muit@s já é o começo de uma boa história de ações no Fórum Social Mundial. O Sábado-feira aconteceu dia 26, das 9h às 18h.

“Estão me perguntando como será a mobilização em São Paulo no próximo ano”, comentou Chico Whitaker, do Conselho Internacional do Fórum e da organização do Sábado-feira puxada pela Comissão de Justiça e Paz e Associação para o Desenvolvimento da Intercomunicação (ADI). E emendou: “Demos início à conexão de São Paulo com as demais cidades brasileiras e com o mundo. Estamos experimentando esse modelo descentralizado dos fóruns e creio que o caminho é esse porque proporciona um maior acesso às pessoas. Isso não significa que não devamos investir energia na grande edição em um lugar só. É possível caminharmos com ambas opções.”

Para Whitaker, um aprendizado importante na realização das duas atividades na capital – incluindo o Ato político baseado na peça do Rei Lear, organizado pela Coordenação dos Movimentos Sociais e que contou com a fundamental participação d@s diretor@s de teatro Graça Cremon, Dulce Muniz, Rubens Brito, Thiago Reis Vasconcelos, Marcos Pavanelli – foi a descoberta da potencialidade de articulações dos grupos, redes, movimentos e instituições locais. “Basta saber que conseguimos realizar as duas ações em três meses. Com o esforço de tod@s a gente chega lá”, disse animado e sorrindo.

Durante todo o dia os(as) participantes compartilharam experiências, discutiram temas da agenda social nacional e internacional, conversaram com ativistas da França, Alemanha, Itália, Espanha e Palestina, interagiram com os grupos que fizeram apresentações culturais e até com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) que passou por lá. “É uma das maneiras de inspirar a cidade no sentido de articular e promover trocas, debates, pensando em diferentes instrumentos para concretizar políticas públicas que irão nos levar ao mundo que queremos”, respondeu o senador à repórter da Ciranda.

Segundo Diocene de Oliveira, da ONG Associação Rede Rua, esse outro mundo passa pela ocupação de espaços públicos que a cidade já dispõe. “Fica como sugestão para as próximas edições que realizemos os fóruns nas praças, parques, associações, ruas e etc. Fiquei muito feliz com a iniciativa de organizações paulistanas e estou participando por acreditar na transformação sobretudo por meio dos movimentos populares que politizado e organizado pode contribuir muito.”

Embora a pequena Jennifer Karolaine de apenas 10 anos estivesse nervosa antes da apresentação do grupo da ONG Meninos da Lata, eles e elas vieram não só ensaiados, mas com o “corpo bem afinado” porque é dele que também produzem o ritmo que levantou o público. “Para nós é um prazer enorme participar desse tipo de mobilização porque interagimos com outras pessoas, trocamos experiências e recebemos muito carinho e atenção”, pontuaram Ana Cláudia Rodrigues das Virgens e Filipe Tomaz Marques da Silva, ambos com 15 anos e participantes de outros fóruns.

Para Emerson Araújo do Nascimento, 14, e Jonatas dos Santos, 15, uma das situações que mais chamou a atenção deles durante o Sábado-feira foi a palinha que o artista performático e ativista Winfried Zimmermann deu. “Ele ‘pegou’ rápido nosso ritmo. Ele é muito bom”, declararam. Zimmermann é o alemão de Stuttgard que veio ao Brasil pela proposta de intercâmbio entre os dois países no Dia de Mobilização e Ação Global. E daqui, o enviado foi o Padre José Carlos de Freitas Spínola, criador do Projeto Reciclázaro, referência internacional de trabalho com educação ambiental.

“É uma satisfação interargir e ver quantas possibilidades de mudanças existem. Isso fortalece nossas lutas que no fundo é uma só”, pontuou Daniel Guimarães, 21, da Juventude da Legião da Boa Vontade.

Thaís Chita é jornalista do Instituto Paulo Freire e da Ciranda.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *