Rio Com Vida celebra Direitos Humanos

A terceira e última reunião que o grupo organizador do Rio Com Vida promove em 2007 será realizada na quarta-feira,dia 19, às 17h30 no Circo Voador. A pauta, mais uma vez, é a preparação do 26 de janeiro.

No dia 10 de dezembro, foi realizado no Circo Voador do Rio de Janeiro, o segundo encontro Rio Com Vida, celebrando o Dia Mundial dos Direitos Humanos. A programação foi variada, com apresentações artísticas e pronunciamentos de representantes de diferentes grupos e entidades.

A mesa de discussão sobre o tema “Quanto Valem os Direitos Humanos?” foi composta pelo senador Roberto Saturnino, o professor da UFRJ Marcelo Paixão, a juíza Salete Macalós, o padre Ricardo Rezende, a diretora do MST Fernanda Vieira, o ator Milton Gonçalves e a atriz Bete Mendes que foi a mediadora.

A apresentação teve início com o senador Roberto Saturnino, que ressaltou a importância do evento: “Falar sobre os direitos humanos é algo que está acima de todos os valores… Temos que continuar essa luta mas reconhecer que há um avanço… neste momento acho que é importante para nós, é importante para a humanidade”, e alertou que ao lado dos direitos os deveres humanos também precisam ser reforçados: “É preciso acoplar a esses direitos uma visão mais humanística, mais socialista, por que não dizer?!”.

O segundo a se apresentar foi o professor da UFRJ Marcelo Paixão, que trabalha com temas relacionados à desigualdade social. Marcelo disse que dentro do debate é importante fazer uma reflexão sobre o tema da pobreza, lembrando que esta vai além da pobreza econômica, citando como exemplo a exclusão social,
e afirmando que deste modo não somente a renda econômica deveria ser determinante da pobreza ou não. O professor deu maior ênfase à situação do negro no Brasil, que em geral ainda passa por situações de exclusão, como na política e na mídia televisiva.

Fernanda Vieira, diretora do MST, falou da prática de extermínio que ocorre no campo até hoje em dia e citou como exemplo Carajás. Ela disse que “Discutir direitos humanos é discutir que sociedade eu quero”. Fernanda ainda comentou sobre a greve de fome do Frei Luiz Cappio e a ausência das autoridades, ao fim realizou a leitura da carta de apoio do Rio ao Frei.

O ator Milton Gonçalves começou sua apresentação contando uma breve biografia pessoal, disse que é filho de camponeses catadores de café, é formado em jornalismo, mas nunca exerceu, e começou na carreira artística no Teatro de Arena de São Paulo, junto com nomes atualmente conhecidos como Zé Celso. Antes de se dedicar à carreira de ator, foi aprendiz de várias profissões. Ele disse que muitos recriminam o fato dele não ser do movimento negro e ele justifica que para participar é preciso ter disciplina e cita a frase de Tony Tornado com a qual se identifica: “Sou um negro em movimento”. Milton falou dos problemas sociais e comentou que muitos que dormem embaixo das marquises da Av.Presidente Vargas no Rio de Janeiro são trabalhadores, que usam esse recurso para não gastarem dinheiro de passagem, evitando que falte em outras ocasiões. O ator lembrou que muitos desses trabalhadores, ao chegarem em casa desejam ter relações com a esposa e muitas vezes não ficam atentos com a proteção, se por acaso tiverem tido contato com outras mulheres com alguma doença, podem transmitir para a companheira. Além disso a chance de gerar filhos é bem maior. Uma forma de levar conhecimento sobre a importância da proteção a essas pessoas é uma questão difícil e precisa ser refletida. O ator comentou também sobre a mediadora, a atriz Bete Mendes, dizendo que foi uma guerrilheira, usou armas, foi torturada e perdeu um tímpano devido a agressões que sofreu. Bete se emocionou com as palavras sobre sua trajetória.

Padre Ricardo Rezende falou sobre a luta pelos direitos humanos, lembrando que a escravidão persistiu nas expressões de ilegalidade, como a escravidão por dívidas. Ele ressaltou que precisamos eleger melhor, que precisamos ter funcionários públicos melhores. O padre também falou sobre a greve de fome de Frei Luiz Cappio em prol da preservação do Rio São Francisco, que já dura treze dias. O religioso lembrou que este projeto não está levando em conta os grupos indígenas da região. Ele disse que Leonardo Boff está tentando conversar com o Presidente da República sobre o caso e que a atriz Letícia Sabatella estava gravando um vinheta sobre a greve de fome do padre.

A última a se apresentar foi a juíza Salete Macalós, que iniciou seu discurso dizendo que quando faccionamos o Fórum Social Mundial em fóruns regionais ou temáticos não podemos esquecer dos objetivos do primeiro fórum. A juíza falou de problemas como a situação dos hospitais públicos, educação, má distribuição econômica e outros, deixando no ar a pergunta: “Para onde vai o dinheiro?”. Salete comentou sobre a luta, ao longo de anos, para conquistar os direitos da mulher, citando o exemplo do direito à creche, o qual foi difícil de ser conquistado e que inicialmente era até os seis anos de idade da criança e depois passou para cinco.

Ao fim, a mediadora Bete Mendes agradeceu as palavras de Milton Gonçalves, abriu para para poucas perguntas e encerrou a mesa. Em virtude do tempo, não foi possível a realização do debate.

As apresentações musicais tiveram início com o grupo de afoxé Raízes Africanas. Em seguida, Tico Santa Cruz (do Detonautas) e os Voluntários da Pátria (http://voluntariosdapatriaemacao.zip.net/), grupo que mistura música com poemas e performances, fez sua apresentação. Ao fim, o grupo estimulou um abraço geral, chamando toda a platéia a participar. Ainda com o Voluntátios no palco, o grupo Nação Maré entrou e convidou os integrantes a permanecerem. Outros grupos ainda participaram até o fim do evento.

Informações sobre o evento do FSM a ser realizado no dia 26 de janeiro de 2008, podem ser obtidas no site www.riocomvida.org.br.

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