Adital – O Fórum Social Mundial já reuniu mais de meio milhão de pessoas nos seus sete anos de existência. O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) entrevistou 4.800 participantes do Fórum Social na Venezuela (AL) e Mali (África), em janeiro de 2006 para esta pesquisa, que mostra a disparidade de opiniões entre os latino-americanos e os africanos.
Veja um resumo da pesquisa:
Público participante
Como nos Fóruns anteriores, o público tanto na Venezuela quanto em Mali era bastante jovem, com mais de 56% até 34 anos de idade. Em relação ao local de origem, africanos(as) não-malienses formam o grupo que participou do Fórum com mais idade: 57,4% tinham 35 anos ou mais. Embora a predominância seja do público jovem, vale ressaltar o aumento de participantes com mais de 55 anos, passando de 4% em 2005, em Porto Alegre, para cerca de 9% na Venezuela e em Mali.
Deficiências
Entre as deficiências, a “falta de entendimento por parte da opinião pública” foi a principal em Mali, apontada por 52,7% dos participantes. Na Venezuela, 56% apontaram “problemas de organização e infra-estrutura” como o maior problema. Isto demonstra que, apesar do FSM estar em sua sétima edição, a comunicação com a sociedade ainda é um ponto a ser melhor trabalhado.
Desafio
Dados sobre a escolaridade mostram que o Fórum ainda está restrito a uma elite dos movimentos sociais da sociedade civil. Na Venezuela, 79,4% estavam cursando ou haviam cursado o terceiro grau, e 72,4% em Mali, sendo que um quarto dos participantes na África tinha mestrado ou doutorado. Por isso, o principal desafio será popularizar o Fórum.
Também pode ser considerado como desafio o fato de que a pesquisa sugere que é importante aprofundar o diálogo entre os continentes para que o FSM atue como um instrumento político de transformação.
Religiosidade
Na Venezuela, 46,1% declararam ter vinculação religiosa. Em Mali esse percentual salta para 87,3% (90% da população local são mulçumana)
Agenda Política
Para enfrentar a crise econômica, 31,4% em Mali concordariam em diminuir as exigências das leis ambientais e 20,8% aceitariam diminuir os direitos trabalhistas; na Venezuela esse índice cai para 7% e 4% respectivamente.
As diferenças se acentuam em função da cultura de cada povo e mostram que os contextos sociais de África e América Latina são bem distintos, assim como as concepções que as pessoas têm de problemas comuns.
Mulheres
Na Venezuela, 54,5% eram favoráveis à legalização do aborto; em Mali, o percentual cai para 28%, sendo que 44% discordam totalmente de qualquer tipo de legalização do aborto. Em relação a união civil entre pessoas do mesmo sexo, na Venezuela 57,1% eram favoráveis contra 16,9% em Mali.
Trabalho infantil
Na Venezuela, 78,4% eram contrários ao trabalho infantil. Em Mali este percentual cai para 42,8%. Importante notar que em Mali um terço dos pesquisados não querem que o trabalho infantil seja proibido.
Para conhecer a pesquisa do IBASE click aqui: parte 1, parte 2 e parte 3