No Rio, já é FSM 2008

A Semana e o Dia de Mobilização e Ação Global convocados pelo Fórum Social Mundial serão realizados com atividades culturais na capital do Rio de Janeiro. O programa foi anunciado durante a reunião do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, realizado de 29 de outubro a 3 de novembro, na cidade de Belém, que sediará o FSM 2009.

Os preparativos do Rio Com Vida – nome adotado pelas organizações locais participantes – já começaram no Rio, conforme a jornalista que cobriu a primeira reunião no Circo Voador, em outubro. Lá, artistas e ativistas conversaram sobre as mobilizações para janeiro e o evento anti-Davos na orla. Leia nota de Creuza Gravina para Ciranda

No último 16 de outubro, foi realizado no Circo Voador do Rio de
Janeiro um encontro com a presença de representantes de diferentes
entidades e pessoas interessadas na participação no Fórum Social Mundial.

O evento contou com a
apresentação de esquetes, documentário do grupo Viramundo, presentação do
movimento Rio com Vida pelo comitê Rio do FSM e debate com a presença de
Leonardo Boff e Augusto Boal. Ao fim houve apresentação do grupo Rio
Maracatu.

No documentário produzido pela
ong Viramundo, que falava em especial sobre a comunidade da Rocinha, os
entrevistados citaram vários problemas sociais do Rio, como a necessidade
de investimento por parte do governo nas comunidades, a importância do
investimento na saúde, saneamento básico e educação.Após o documentário, Cândido, representando o FSM no
Brasil, falou que para 2008 houve a decisão de realizar um “fórum ao
contrário”, isto é, mais local possível, apresentado na forma de
conferência, fórum ou um ato, ficando a cargo de cada região decidir.

No
caso do Rio será um ato no dia 26 de janeiro de 2008, data escolhida
mundialmente por ser o dia do Fórum Mundial de Davos, que para o Rio será
uma data estratégica, uma semana antes do Carnaval, quando a cidade está
repleta de turistas. A apresentação do
site Rio com Vida (www.riocomvida.org.br) foi feita por Bruno, que
disse que o mesmo deve ser chamado de Portal, um lugar onde as pessoas
poderão ler e entender qual a proposta apresentada e fazerem suas
propostas também. No Portal também há detalhes da organização/programação
do evento de 26 de janeiro.

Representando o Comitê do Rio, Luiz Mário disse ao público presente
que “Fórum é um desafio que só existe se vocês participarem” e
que o desafio é mobilizar a sociedade carioca a participar de um evento no
próprio Rio de Janeiro. Luiz acrescentou que “A idéia é de
mobilização e ter certeza que não há discriminação entre as
sociedades”.A irmã de Betinho, Glorinha,
também esteve presente no evento e se identificou dizendo “Eu sou a
irmã do Betinho, mas para ele todo mundo era irmão dele”. Glorinha
anunciou o segundo evento preparatório a ser realizado no Rio no dia 10 de
dezembro, que é o Dia Nacional dos Direitos Humanos.

Ao fim dessas apresentações teve início o debate com o
teólogo Leonardo Boff e com o teatrólogo Augusto Boal, mediado por Ruth
Spinola, representante do Conselho Regional de Economia. Leonardo Boff comentou sobre “A Carta da
Terra” que diz que não devemos ultrapassar os limites. Ele ressaltou
que o IPCC diz que nós já passamos dos limites de exploração dos recursos
naturais. O teólogo falou que “A Terra não tem somente vida em cima
dela, é um super organismo vivo chamado Gaia” e afirmou que a partir
dos anos 80 a Terra não consegue mais se autoregular, entrou num processo
de caos, complementando citou outra frase da “Carta da Terra”:
“O que precisamos não é desenvolvimento sustentável e sim um modo
sustentável de viver”.

Augusto Boal, diretor do Centro de Teatro do Oprimido, falou que a
arte, como o teatro por exemplo, muitas vezes é encarada somente como
momento de diversão, mas não é só isso, ela pode passar toda uma mensagem,
ela é a forma primeira pela qual o ser humano se relaciona com o mundo. O
teatrólogo deixou a proposta para o próximo FSM, “Que a arte que se
apresente seja considerada como arte inteira”. Boal acrescentou que
“Queremos ter a autonomia da democracia, queremos a luta contra todas
as monarquias de todos os tipos, queremos a democracia da
arte”.