Movimentos sociais reforçam indicação de Evo Morales ao Nobel da Paz

Mais de 300 trabalhadores rurais da América Latina,
África e Ásia reforçaram na segunda-feira, dia 22, a indicação do presidente
da Bolívia, Evo Morales, para o prêmio Nobel da Paz de 2007. Eles
decidiram pressionar os integrantes da Academia Nobel pela indicação
durante reunião na tenda da Via Campesina, montada no complexo
esportivo Kasarani, nos arredores de Nairóbi, capital queniana, sede
da 7ª edição do Fórum Social Mundial.

Para o hondurenho Rafael Alegria, coordenador internacional da Via
Campesina, o presidente boliviano tem méritos suficientes para receber
a condecoração por seus 20 anos de luta por igualdade e justiça
social.

A decisão de nacionalizar as reservas de gás e petróleo do país
andino, em maio de 2006, é também um ato de Morales muito festejado
pelos militantes presentes no Fórum Social Mundial. “Há também o
combate à corrupção e o decreto de agilizar o processo de reforma
agrária na Bolívia, aprovado em outubro do ano passado pela Congresso
do país”, elenca Alegria.

O ativista aproveitou para alfinetar o governo brasileiro. Como o
processo de reforma agraria não avancou no Brasil durante o primeiro
mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o coordenador
internacional da Via Campesina, disse que o chefe de estado brasileiro
deveria seguir os passos seus vizinhos latino-americanos, com Hugo
Chavez, Evo Morales e Rafael Correa e tratar a reforma agrária com
pulso firme, vontade política e patriotismo. “É um dos únicos meios
para acabar com a pobreza e com a fome no continente”, afirmou. Para
Malarivo Toto Julien, dirigente de uma organização de trabalhadores
rurais de Madagascar, onde 80% do PIB vem da agricultura, Lula tem que
cumprir promessa feita no primeiro mandato e distribuir as terras
brasileiras improdutivas.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra tem usado os espaços de
debate do 7° Fórum Social Mundial para criticar as políticas de
desenvolvimento agrário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em
encontros com movimentos campesinos de todas as parte do globo, o MST
apresentou argumento de que a reforma agrária no país não andou nos
últimos quatro anos e tem recebido apoio dessas organizações.

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