O próximo Fórum Social Mundial (FSM) quer dar visibilidade às lutas, campanhas e ações concretas dos povos na construção de outro mundo possível. O evento vai acontecer de 20 a 25 de janeiro de 2007, em Nairóbi, Quênia. A expectativa do Conselho Internacional (CI) é de contar com a participação de cerca de 100 mil pessoas, principalmente dos países africanos. Capital do Quênia, essa cidade abriga a maior população urbana do leste africano, cerca de 4 milhões de pessoas, de acordo com o último censo demográfico (de 1999).
Em reunião das Comissões de Conteúdos e Metodologia do CI, na cidade-sede, de 3 a 6 de setembro, foram definidos nove espaços de objetivos e lutas em torno dos quais se darão as discussões desta sétima edição (boxe). Esses espaços foram definidos com base nas respostas à consulta preparatória feita, em julho e agosto, com organizações que participaram de Fóruns anteriores. Trata-se de uma mudança com relação à consulta realizada desde 2004 – eram definidos temas a partir da opinião de participantes. Outra novidade metodológica é que, desta vez, serão dedicados somente três dias para as atividades. O quarto e último dia do evento será utilizado para apresentação de propostas e planejamento de ações para buscar uma agenda comum de atuação.
“Em vez de uma consulta temática, buscou-se enfocar as ações concretas dos movimentos. Esta é uma das principais mudanças em relação às edições anteriores. Em vez de trabalharmos em torno de grandes temas, nosso desafio agora é dar ênfase às lutas políticas que vêm se expressando, com consistência, na busca de alternativas a este modelo de desenvolvimento excludente”, explica a coordenadora do Ibase, Moema Miranda, integrante do CI, lembrando que, de todos os povos, são os africanos que pagam o preço mais alto da hegemonia neoliberal.
Na opinião de José Chacon, participante do Comitê Organizador de Nairóbi, o principal desafio do FSM 2007 será conciliar as prioridades dos vários movimentos sociais que representam os povos do continente e vão participar do Fórum. Esse esforço coletivo está sendo feito pelos Movimentos Sociais do Leste Africano – formado por cidadãos e cidadãs de Uganda, Quênia, Tanzânia e Etiópia – e pelo Fórum Social Africano.
“É fundamental refletir sobre quais serão os benefícios para os movimentos sociais africanos em sediar o FSM. A África é um continente muito diverso, com culturas e povos diferentes. Logo, os movimentos sociais também são diferentes. Os principais atores na organização do Fórum, os Movimentos Sociais do Leste Africano e o Fórum Social Africano, têm atuado de forma conjunta em torno do trabalho a ser feito. Além disso, os integrantes de seus movimentos vêm sendo consultados sobre as questões prioritárias para a África que precisam ser visibilizadas. Eles sabem que não será possível trazer à luz todas essas questões durante o Fórum, então buscam um consenso sobre quais serão”, explica.
O território social, como é chamado o local onde se concentram as atividades do FSM, também já foi definido: será no Centro Internacional de Esportes Kasarani, a 20 KM do centro de Nairóbi. Construído em 1987, por ocasião da competição All-Africa Games, tem um estádio maior, com capacidade para 60 mil pessoas, e outro menor, para 5 mil pessoas, além de um complexo aquático. Fica próximo a Mathare Slum, a maior favela da cidade.
Os(as) participantes poderão contar com 100 ônibus para facilitar o acesso até o complexo desportivo. Nesta edição, atendendo a uma reivindicação de jovens, o Acampamento Internacional da Juventude foi integrado ao território social, funcionará nas instalações do Kasarani. Para garantir a participação de movimentos sociais populares, será organizado também o Alojamento Solidário, assim como serão organizadas caravanas solidárias para que o número maior de pessoas de outros países africanos possa comparecer. A abertura e o encerramento do Fórum vão acontecer no Uhro Park. Também estão previstas atividades culturais paralelas ao Fórum em vários pontos da cidade como uma forma de divulgar o evento às comunidades locais.