Jovens no FSM

Um ícone!

A imagem de jovens acampados livres de horários, avizinhados de vários desconhecidos separados apenas por um tecido de barraca, convivendo nas limitações da água e da comida, fazem lembrar uma época em que se clamava por uma liberdade contra as ditaduras e as guerras, contra o “stablishment” imposto pela cultura das famílias influenciadas por um American Way of Life, emergido lá pelos anos 50 e consequência de uma economia pulsante, que reorganizava o mundo pós guerra…

É de se pensar que o Fórum Social Mundial abarque essa idéia entre os jovens, da contra-cultura e da quebra dos modos arcaicos estabelecidos pelas gerações anteriores à eles. E, de uma vez só, nesse momento não é somente uma questão familiar, religiosa ou política, mas além disso há a urgência de se discutir a economia, o meio-ambiente, o consumo e a saúde do planeta como um todo, já que somos uns tantos bilhões a mais na virada do milênio a ponto de promover a quebra da cadeia de reposição dos recursos naturais do planeta.

A juventude é uma força imaginária de contra-corrente. São os jovens adolescentes que encabeçam a ponta de lança das sociedades que pedem por transformações, embora se diga que somente a burguesia é capaz de incitar uma revolução. No entanto, os jovens são como soldados que encarnam sonhos de mudança, estrategicamente explorados pelas mídias que os colocam entre aqueles que não têm capacidade executiva de realizações políticas e, por isso, não são destruídos pelas forças policiais vigentes. A grande mídia adora explorar a imagem do jovem gritando com uma bandeira em que ele acredita para “lançar moda” e criar um verdadeiro mercado consumidor em busca de um eterno novo, um frescor característico dos produtos novos lançados pelas corporações a cada ano! Mas, nos idos dos anos 60, eles ainda causavam real desconforto e ruído nas silenciosas salas de reunião das classes dominantes.

Pois bem, o mundo mudou tanto e esses moços e moças já não são tão politizados quanto antes. Pudera, já que vivemos uma democracia que, se não é perfeita, não é de sua característica encarnar extremismos ideológicos para qualquer lado! Embora as classes dominantes continuem vencendo batalhas jurídicas e econômicas, a democracia permite que saibamos quem são e quais as barbaridades que cometem os homens do poder.

A vantagem dos novos tempos é que a internet, por exemplo, tão inovadora no exercício da democracia para a disseminação da informação, pode fazer ruir a grande imprensa na medida em que as grandes agências cometerem o cansaço da exposição das mesmas imagens e notícias em seus diversos canais de quase todos os países: grandes corporações da notícia comandam 70% da informação do planeta e, como bons capitalistas que são, pretendem desde sempre reduzir o trabalho do bom repórter e do bom fotógrafo em busca de assuntos que realmente interessam às sociedades, para que tenham lucros maiores destruindo a possibilidade de um perfeito casamento entre conhecimento e tecnologia.

Querem, antes de tudo, que o www sirva apenas para as velhos jogos de lutas e filmes de aliens, programas fúteis de baixo custo para os finais de tardes de domingo e outras tantas bobagens, como fizeram com a TV distribuindo enlatados pelo mundo afora e, dentro dessas sub-produções, muitos comerciais de seus produtos nos chamados intervalos!

Os jovens do Fórum estão aí, vindos de vários lugares do Brasil e de alguns cantos do mundo. Sua força é o encanto e a esperança de que tragam algo de novo ao mundo adulto e quebrem, constantemente, o velho “stablishment” que se constrói a cada geração… Em outras palavras, os jovens de hoje podem trazer inovações ideológicas, filosóficas ou comportamentais, mas precisarão saber que outros virão depois deles com as mesmas condições, com os mesmos sonhos e transmitindo os mesmos desejos do frescor e da liberdade. A evolução das sociedades terá pleno reconhecimento na história na medida em que todos cederem espaços necessários para que outros tomem seus lugares, ao invés da manutenção de velhos “coronéis” que ainda insistem em achar que eles é que são os detentores de algum poder…

A luta, de fato, está na mão de todos nós.

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