“Sou índia online, webjornalista, ciberativista e pesquisadora”, diz a índia Aracé na roda de diálogo que ocorreu no campus da UFPA. Intitulada “Índios no ciberespaço: a experiência inovadora com meio alternativo de comunicação”, a atividade foi coordenada pelo sociólogo da UFPA, Alexandre Dias, pela antropóloga dessa instituição, Eneida Assis, e pelos índios Alex Pankararu e Ivana Potyra Té.
Por meio do Gesac, programa do governo federal, coordenado pelo Ministério das Comunicações, a conexão de banda larga chega às comunidades via satélite e permite a interação, entre elas, usando o portal Índios Online-(http://www.indiosonline.org.br/), que, desde 2005, vem sendo a experiência dos índios com a internet. O portal foi caracterizado como um movimento social indígena por meio do qual os nativos das comunidades indígenas podem denunciar, pesquisar, mostrar suas dificuldades, adquirir conhecimentos, lutar por seus direitos, além de prestar serviços para a comunidade contribuindo, assim, para o desenvolvimento da mesma.
O site funciona como uma rede interligada por algumas tribos brasileiras que representam os povos indígenas, já que, segundo Aracé, a imprensa tradicional geralmente distorce a verdadeira realidade dos índios. “Só o índio pode falar de si mesmo, só ele sabe o que se passa em sua comunidade”, diz a índia. Uma das opções do “índios online” é o chat, uma sala de bate papo onde os índios cadastrados podem trocar experiências e, como a ferramenta é mais utilizada por jovens, ela aproxima-os da realidade indígena, faz com que sintam curiosidade sobre sua origem e valorizem sua própria cultura e tradições.
Os índios se cadastram no site, criam login e senha para depois estarem aptos a postar textos a respeito da sua realidade. Não há limite mínimo nem máximo de idade para os índios terem seus textos, arquivos de áudio, fotos e vídeos publicados no site e como não há edição nem seleção dos materiais, as regras sobre o conteúdo que pode ser divulgado dependem das etnias participantes (Pankararu, Xucuru Cariri, Cariri Xocó, Tumbalalá, Kiriri, Tupunambá e Pataxó-Hahãhãe), distribuídas em 20 municípios e seis Estados do Brasil.
Os índios acessam a internet de suas próprias aldeias nas ocas virtuais ou centros digitais. O portal também oferece Fóruns temáticos, uma área para o estudo (e-learning) e ferramentas para envio de e-mails, apropriando-se, assim, de tecnologias para se unirem e juntos buscarem um futuro melhor para sua etnia.