A Frente Palestina São Paulo realiza nesta quarta-feira (25) uma audiência preliminar para levar o Estado israelense a um tribunal popular devido aos crimes de genocídio realizados na Faixa de Gaza, que se aproximam de um ano.
A audiência, intitulada “Israel no Banco dos Réus”, ocorre às 19h30 na Sala do Estudante, no 1º andar da tradicional Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (Usp).
A acusação é genocídio e apartheid, como denunciado por diversas organizações globais, incluindo a ong israelense B’Tselem.
A iniciativa se soma à campanha civil palestina de Boicote, Desinvestimento e Sanções — BDS, nos moldes da luta antiapartheid na África do Sul, incluindo demandas por boicote acadêmico e cultural nas universidades e instituições brasileiras.
A audiência tem o apoio do grupo de judeus antissionistas Vozes Judaicas por Libertação, entre outras organizações da sociedade civil mobilizadas contra a colonização em terras palestinas, entre as quais, o Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino da Usp (ESPP).
A atividade denuncia ainda o “genocídio palestino e a invasão da Líbano”, ao advertir que “não resta dúvidas da responsabilidade e perigo ao mundo que a colonização israelense apresenta”, por suas ações de escalada regional e internacional.
Conforme os organizadores: “Queremos trazer ao Brasil as provas dos crimes israelenses com o objetivo de fortalecer a luta pelo embargo e para que o Brasil rompa todos os laços com esse Estado genocida”.
A iniciativa ecoa o processo sul-africano contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, que apresentou evidências de genocídio ao painel de juízes para ser devidamente deferida em 26 de janeiro.
A denúncia levou o Estado colonial de Israel ao banco dos réus, em ocasião histórica; no entanto, pode levar anos.
Israel mantém ataques indiscriminados contra a Faixa de Gaza sitiada desde 7 de outubro de 2023, como retaliação e punição coletiva a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados.
Em quase um ano, em Gaza, são ao menos 41 mil mortos, 95 mil feridos e dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, 16.400 são crianças.
O governo brasileiro de Luiz Inácio Lula da Silva reconhece o genocídio e apoia o processo em Haia. Contudo, apesar de pressão de grupos da sociedade civil e ser declarado como persona non grata por Tel Aviv, Lula posterga ainda a ruptura de relações.