“Temos que encarar mais humanamente a questão ambiental porque, no geral, a gente pode correr o risco de excluir gente quando fala em meio ambiente. No caso, estamos falando de uma nova relação de justiça ambiental, ou seja, como preservar a biodiversidade e a sociodiversidade. Como criar uma biocivilização?”, perguntou Candido Grzybowski, da organização não governamental Ibase, e membro do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial durante a coletiva de imprensa chamada para o encerramento do FSM, antes da Assembléia dos Povos, no início da tarde do domingo (1º).
Na metade do Território do FSM localizada na Universidade Federal do Pará já não circulavam participantes desde a manhã de domingo. Sob forte chuva, a concentração era na Universidade Rural. As estruturas que começavam a ser desmontadas estavam ali devido a um tipo de apoio fundamental e quase inédito no FSM. “O Governo do Estado foi fundamental na solidariedade, nos apoiando para o Fórum, facilitou, teve interlocução com o Governo Federal na captação de recursos, tudo isso para nos dar essa base de atuação”, apontou Grzybowski.
“Nós nunca discutimos com Davos diretamente, mas conseguimos a partir do Fórum mudar a agenda deles porque eles tentaram dizer que não eram aquilo que nós dizíamos. E passaram a encarar o social, a falar de pobreza. Depois eles começaram a falar da violência, porque a gente falava da paz, eles também falaram da paz, agora eles estavam discutindo também a Palestina, mas vocês viram o que aconteceu”, comentou Grzybowski referindo-se ao episódio de Davos em que o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, abandonou o Fórum Econômico Mundial, depois de responsabilizar o chefe de Estado israelense, Shimon Peres, pela morte de crianças inocentes na Faixa de Gaza. Nessa semana, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, aplaudiu a atitude. “Erdogan expressou os sentimentos do povo turco e de muitas outras nações do mundo”, disse Ahmadinejad, citado pela imprensa iraniana.
As respostas sobre o futuro do Fórum devem se estruturar do outro lado do oceano, em 2011. Segundo Taufik Ben Abdala, da África do Sul, “as perspectivas para o próximo Fórum Social Mundial na África são boas. Primeiro, nós estabelecemos o processo para escolher democraticamente o país. Depois, discutimos as prioridades para os próximos dois anos, levando em conta o que está acontecendo no mundo que é a crise econômica, a eleição do Obama, os desastres na Palestina e a questão da nova geopolítica emergente no mundo. O mundo está redesenhado e o Fórum Social Mundial deve levar isso em conta e provavelmente redefinir sua visão, suas estratégias e suas alianças”.