Durante o fórum social 2007 de Nairobi as Fundação Friedrich Ebert e seus parceiros africanos realizaram uma serie de encontros de diferentes temas sobre a égide de dialogo sobre a globalização. Os temas variavam entre género, agricultura, comércio, taxas, economia informal, pacificação no entanto todos giravam sobre uma tónica : movimento trabalhista.
Participei numa oficina com o tema : monitoramento das multinacionais no Brasil e na África do sul pelo movimento sindicalista. Foi nesta oficina que pela primeira vez ouvi falar de que as organizações dos trabalhadores e as rede globais das uniões estão a usar um instrumento chamado “International Framework Agreement” para influenciar as multinacionais. No entanto, este instrumento apenas está sendo usado pelos movimento europeus apesar de que nos últimos tempos as multinacionais tem se instalado nos países em desenvolvimento ou nas economias emergentes.
O painel do oficina foi moderado por Godfrey Kanhindze do Zimbabwe e contava com Salil Patel do Labour Research Service da África do Sul, kjeed Jakbson do Observatório Social do Brasil, Solumko da COSATU da África do Sul, Verónica Nilsson da Trade Union Advisory Committee e Klauss Preignitz da IG-Metal da Alemanha.
O suporte da pesquisa para o monitoramento das multinacionais foi visto como um dos instrumentos de apoio aos movimentos sindicais. No entanto, apelou-se a uma cautela porque há diferentes tipos de uniões sindicalistas seja há aqueles que apoiam os interesses das multinacionais e aqueles que apoiam os interesses dos sindicalistas.
Para o representante da COSATU a pesquisa é muito importante para o reforço do seu trabalho no entanto, esta actividade deve reforçar a criação de um movimento sindicalista forte e militarizado.
O representante do IG-Metall da Alemanha falou sobre do “international framework agreement” que procura cobrir os direitos humanos, defender integração dos trabalhadores nos sindicatos, a liberdade de negociar as condições de trabalho, etc. No entanto, ele apontou que este instrumento não é largamente conhecido pelos movimentos sociais
Um dos comentários que foi levantado foi em contra – resposta a um ponto que foi levantado pelo Salil do Labour Research Service quando ele disse que “como é que os sindicatos podiam liderar o processo que procura assegurar que os ganhos do processo produtivo se revertem aos trabalhadores”.
E a Margareth da New Economics da África do Sul, uma instituição que segundo ela procura novos caminhos para ultrapassar a presente situação tóxica trazida presente “des-ordem” económica mundial, acrescentou que, numa situação em que as multinacionais competem entre si para garantir globalmente mão de obra barata e de forma apresentar um negócio lucrativo paras os seus accionistas.
Enquanto que os accionistas se podem mover pelo mundo afora os trabalhadores não o que os torna bastante vulneráveis, acrescentou a Margareth e ainda avançou dizendo que os trabalhadores fazem parte da produtividade e sendo esta um factor económico a única solução antes da vinda da revolução seria procurar um meio de ligação solidária entre os accionistas e os sindicatos dos trabalhadores e desta forma encontrar uma forma de competição saudável para ambos.
O participante tanzaniano falou sobre os problemas que tiveram quando procurar abordar a banco sul africano (ASBA) que está presente naquele juntamente com Shoprite, uma cadeia de supermercados. Num dos casos o sindicato foi posto em causa no tribunal pelo ABSA querendo por em causa a legitimidade daquele órgão ao representar os trabalhadores. No segundo caso, tiveram que se travar uma luta contra a Shoprite para que esta deixe os seus trabalhadores se juntar ao sindicato. Desta forma para aquele tanzaniano está claro que os sindicatos na região são fortes. E por isso, deveria-se se reforçar a ligação com outras instituições incluindo as de pesquisa para que o trabalho desenvolvido por ambos seja uma mais valia para todos.
Godffrey, o moderador interviu dizendo que ao longo dos anos a sua instituição tem realizado pesquisas sobre as questões laborais e o papel dos sindicatos no monitoramento das multinacionais, porém tiveram que revisitar o trabalho feito e desta forma envolver sindicatos de forma a moldar os estudos e também a utiliza-los para o fortalecimento institucional, na militância e na sua luta.
Finalmente ficou claro que havia diferentes níveis de sindicatos e centrais sindicais na região e que devia se ter muito cuidado de não procurar impor interesses das agencias internacionais de trabalho ou de sindicatos onde há uma tradição de movimento sindicalista muito forte sobre aqueles que podem ser considerados de menor expressão. E que deveria sempre procurar-se uma forma harmoniosa de para monitorar as multinacionais seja nos países industrializados ou nos países em desenvolvimento.