Na década de 80, para a instalação da Base de Lançamento de Mísseis em Alcântara (MA), o Estudo de Impacto Ambiental apontava o local como vazio demográfico, apesar da existẽncia de inúmeras comunidades quilombolas em uma população rural de mais de 15.000 pessoas.
Essa invisibilidade das comunidades tradicionais, principalmente na região amazônica, tem favorecido a implantação de grandes projetos econômicos, como Projeto Carajás, indústrias de papel e celulose e o avanço da soja no cerrado maranhense.
No Fórum Social Mundial, a tenda “Cartografia dos Povos e Comunidades Tradicionais” apresentou o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, coordenado pelo antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Reunindo pesquisadores e movimentos sociais articulados com diversas universidades, o projeto realiza oficinas de mapeamento participativo, a partir das quais professores e alunos de graduação e de pós-graduação ajudam membros de determinado grupo a registrarem quem são e como vivem, além de mapearem a localização geográfica de suas comunidades.
Já foram lançados mais de 70 fascículos, mapeando de norte a sul do Brasil quebradeiras de coco babaçu, quilombolas, artesãs, faxinais, fundos de pastos, ciganos, ribeirinhos, povos indígenas, cipozeiros, grupos afro-religiosos, entre outros.
Segundo Seu Leonardo, da comunidade quilombola de Brito, em Alcântara, “o mapeamento ajudou os quilombolas a reconhecerem seus direitos e os limites de suas terras”.
O fortalecimento dos movimento tem gerado protesto dos ruralistas, que tentam barrar a execução dos decretos de regularização fundiária de quilombos e de territórios indígenas.