Os blocos de mulheres destacaram-se na Marcha de abertura do FSM 2009; chamavam a atenção pela quantidade de ativistas, com seus adereços lilás e suas palavras de ordem anticapitalistas. Entre as participantes da Marcha Mundial de Mulheres, estava Adèle Safi, do COFAS – Conselho de Organizações de Mulheres trabalhando juntas, da República Democrática do Congo.
Admiradora do que ela chamou de “dinamismo das mulheres brasileiras”, Adèle veio trazer o pedido das mulheres de seu país, que contam com “a energia e a garra das brasileiras, pela qual são conhecidas, em solidariedade ao momento de grande violência que vivem as congolesas”.
Há mais de dez anos as mulheres sofrem graves violências, principalmente “estupros coletivos, e as mulheres deram-se conta de que o estupro é utilizado como arma de guerra”. Só no primeiro semestre de 2008, registraram-se 1.471 casos de mulheres estupradas!
Segundo a líder africana, essa prática começou com a força paramilitar de Ruanda que invadiu seu país, mas como o aparelho jurídico não funciona e esses crimes permanecem impunes, os congoleses também começaram a praticá-los, inclusive os civis. “As domésticas são estupradas em casa, as estudantes na escola, e por aí vai”, diz Adèle. O mais dramático resultado disso são as inúmeras crianças orfãs e com vírus da Aids. “Em cada dez mulheres estupradas, seis contraem o vírus e quatro ficam grávidas”!!
Até hoje conflitos no Congo são alimentados pelas tensões étnicas que se seguiram ao genocídio de Ruanda em 1994, que levou milícias Hutu a se refugiarem no país vizinho. Segundo Adèle isso causou problemas diplomáticos entre os dois países, há uma tensão permanente, os movimentos sociais têm dificuldade em entender a posição do seu Governo.