Na oitava edição do Fórum Social Mundial (FSM) 2008, o diferencial foi a descentralização dos eventos. Cerca de dez mil cariocas circularam pelas sete tendas temáticas espalhadas no parque do Flamengo. Mais de 100 organizações, fóruns e redes estiveram presentes na tenda das idéias e da economia solidária que tinham como objetivo reunir e compartilhar projetos, campanhas e debates.
O grupo das Arteiras esteve entre os movimentos sociais, artistas, redes e fóruns para discutir política, cultura, direitos humanos, educação, meio ambiente, entre outros temas.
Arteiras é uma cooperativa que reúne 14 mulheres donas de casa da comunidade Casa Branca na Tijuca, na zona norte do Rio, que trabalham como artesãs e produzem cadernos e agendas com papel reciclado.
A cooperativa existe há oito anos e trabalha com a proposta da economia solidária que é voltada para a geração de trabalho e renda. A economia solidária tem como objetivo promover a democratização dos ganhos da produtividade e desenvolver formas de trabalho economicamente viáveis e sustentáveis.
Rogéria Dantas, de 46 anos, uma das fundadoras do grupo das Arteiras, disse que desde adolescente trabalha em atividades comunitárias. “É um prazer, gosto muito de trabalhos manuais”.
Segundo informações do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher, no Brasil, 21% das mulheres negras são empregadas domésticas e apenas 23% delas têm Carteira de Trabalho assinada – contra 12,5% das mulheres brancas que são empregadas domésticas, sendo 30% com registro em Carteira de Trabalho. A inserção das mulheres no mercado de trabalho tem sido caracterizada pela precariedade, que atinge uma importante parcela de trabalhadoras.
Para Rogéria, o trabalho em cooperativa complementa a renda na família e estimula a solidariedade, “é uma troca de idéias e de comportamentos”. Ela acredita que a partir de atividades como essas é possível mostrar a independência de mulheres, “a cooperativa é de mulheres que querem mostrar seu potencial e que elas são capazes de contribuir com a renda”.
Por Fabíola Ortiz