Foto Frineia Rezende
Este Sábado, 26 de janeiro, será o Dia de Ação Global. É uma promoção do Fórum Social Mundial (FSM) de 2008, reunindo milhares de pessoas em mais de 80 países, participando de mais de 700 atividades.
Ao contrário das edições anteriores, o FSM 2008 não terá eventos centralizados (como em Porto Alegre, Mumbai, ou Nairóbi em 2007). Ao invés, o evento terá centenas de atividades organizadas pelos movimentos sociais, grupos , redes e entidades, todas relacionadas com a proposta de construir um outro mundo possível.
Em Porto Alegre, o Dia de Ação Global começa bem cedo. Às 9h da manhã, centenas de militantes de movimentos sociais, sindicais e estudantis estarão concentrados em frente ao Palácio Piratini. Vão reivindicar do Governo do Rio Grande do Sul a solidariedade e as condições mínimas necessárias para que o FSM do ano de 2010 volte para Porto Alegre. Depois da manifestação na Praça da Matriz, no centro da capital gaúcha, os manifestantes irão em passeata até o Largo Glênio Peres, em frente à Prefeitura de Porto Alegre.
Esse Dia de Ação Global servirá para mostrar que o mundo pode ser um lugar sem guerras e sem miséria, sem destruição ambiental e sem imperialismos, e sem restrições à liberdade de expressão e sem privatização de espaços e recursos públicos.
Algumas entre as várias manifestações deste Sábado vão destacar a questão da democratização dos meios de comunicação, e o papel que a mídia exerce, ou pelo menos deveria exercer, como um importante instrumento para a formação da cidadania. É por este motivo, entre outros, que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Rio Grande do Sul, estará presente na manifestação em frente ao Palácio Piratini, através de alguns de seus diretores
Mas não apenas Porto Alegre dirá presente a este Dia de Ação Global: no interior do Rio Grande do Sul também haverá manifestações em Santa Cruz do Sul, com debate sobre o meio ambiente e as reformas urbana e agrária, e um evento político-cultural em Pelotas.
Ao todo, no Brasil, estão previstas para este Sábado 156 atividades em praticamente todos os Estados. A maioria dessas atividades estará concentrada em Belém do Pará. Explica-se: é que a capital paraense já se prepara para ser a sede mundial do FSM do ano de 2009. Serão manifestações pelo meio ambiente, procissões pela água e pela terra como direitos humanos, e várias marchas das mulheres. Em Brasília, serão plantadas mil árvores e milhões de sementes.
Uma aposta arriscada?
E todas essas atividades do Dia de Ação Global estarão acontecendo em paralelo às discussões do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, onde estão representados os principais magnatas econômico-financeiros do Planeta, mais personalidades da área e chefes de Estado e de Governo. O Brasil, em Davos, é representado este ano pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Descentralizar o FSM, como acontece este ano, é uma aposta arriscada. Há o perigo de desmobilizar os militantes, em um ano já marcado pela recessão econômica dos Estados Unidos e suas repercussões nos mercados financeiros globais. Mas para o integrante do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial, Cândido Grzybowski, esse formato descentralizado já era reivindicado por vários movimentos sociais, para – segundo ele – “dar mais visibilidade às suas lutas e à conexão entre as mesmas”.
Já quanto à repercussão na mídia, certamente o Dia de Ação Global irá enfrentar terríveis dificuldades nos meios de comunicação corporativos, sempre hostis às atividades centralizadas do FSM, seja em Porto Alegre, Mumbai ou lá no Quênia. Vai depender, e muito, da atividade dos comprometidos com o FSM de divulgar o Dia Global pela Internet, para tentar romper o bloqueio da grande mídia. E continuar divulgando a mensagem: “Nós não somos Davos! Um outro mundo é possível”.
Renato Gianuca, da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas no RS