A poucas horas do arranque do Fórum Social Mundial 2007 de Nairobi, Quénia, o primeiro em África, a organização garante que está apostos. Mas quer na sede, quer em Kasarani, o Centro de Conferencias, é perceptível algum nervosismo e principalmente que há ainda muito trabalho por fazer para que a “maquina” decole sem sobressaltos.
Eduard Oyugi, presidente do Comité do Fórum Social do Quénia, fala deste evento, importante para o pais e para o continente, com um entusiasmo e um optimismo que contagia. “Os locais onde irão acontecer os seminários e as manifestações estão preparados, as equipes de tradução apostos e os programas fechados”, afirma. Entretanto, o que se constata no terreno é um atraso considerável, que pode comprometer todo trabalho de preparação que vem sendo desenvolvido desde o FSM de Mumbai, em 2004, quando se decidiu que em 2007 África seria o palco deste evento.
Certo é que Quénia tem muito para oferecer e ganhar. “Vamos ser confrontados com experiências diversas. Vamos ter aqui durante os cinco dias do fórum varias culturas, raças e etnias, que tocarão o nosso pais, Quénia, cultural, política e economicamente. Vamos confrontar experiências, vamos partilhar”, assegura este responsável local.
Curiosamente e não obstante as afirmações de Oyugi, não se sente o fórum fora dos muros dos hotéis e do centro de conferencia. Mas também para essa “ausência”, este responsável tem uma explicação. “Isso acontece porque fizemos uma parceria com uma empresa de telecomunicação que assumiu a responsabilidade de divulgar este evento e não o fez. É uma situação nos embaraça, mas pensamos que será resolvida em breve”.
Nada que comprometa o engajamento da população, que atendeu ao chamado do FSM, afirma. Basta dizer que, de acordo com Oyugi, a organização recebeu oito mil inscrições de quenianos dos quatro contos do pais. São inscrições individuais e de grupos marginalizados. A expectativa é de que 50 mil quenianos participem do fórum. Espera-se ainda cerca de 20 mil pessoas provenientes da África de Leste (Tanzânia, Uganda).
De Zâmbia, África do Sul, Egipto, Zimbabwe, Etiópia, Sudão, etc, virão 10 mil participantes. Estarão ainda no fórum cerca de dois mil europeus e outros tantos da América Latina, sendo 500 do Brasil. Números que atendem ao espirito deste certame feito por africanos, mas que reflectirá sobre os problemas do continente e do mundo.
Os temas agendados – construção de um mundo de paz, justiça, ética e respeito pela diversidade ; libertação do mundo da dominação do capital multinacional e financeiro ; acesso universal e sustentável aos bens comuns da humanidade e democratização do conhecimento e da informação ; garantir os direitos económicos, sociais, humanos e culturais, etc, espelham os cuidados com a universalização do FSM do Quénia.