Em reunião realizada hoje com os movimentos de comunicação compartilhada – laboratórios, fóruns de Rádios e TV e Ciranda Internacional pela Informação Independente -, o palestino Jamal Juma, ativista do Stop the Wall, destacou que um dos caminhos é que esse processo inclua todas as 17 organizações da sociedade civil palestina que integram o Comitê BNC (em português, por boicotes, desinvestimento e sanções). Documentários, textos de mídia alternativa palestina e áudio podem ser compartilhados a partir desse movimento e promover a contra-informação necessária para que a verdade sobre a ocupação sionista chegue à opinião pública. E, quiçá, mude um panorama em que, dada a manipulação da informação, em especial em Israel, a esmagadora maioria da população (96%) apoia intervenções criminosas como a feita em Gaza recentemente.
Segundo Juma, essa ação permitirá um diálogo com o mundo, bastante importante diante de um cenário em que há ameaças e problemas reais a serem enfrentados. Ele contextualizou historicamente a ocupação na Palestina. “Em 1948, Israel ocupou áreas desertas e expulsou 70 mil beduínos (além dos mais de 700 mil nativos que tiveram que deixar suas terras). E desde 2002 está em construção um muro que visa segregar essas pessoas. “E essa é apenas uma das questões”, lembrou ele. “Gaza é uma tragédia. É o lugar de maior densidade demográfica do mundo (são 1,5 milhão de habitantes, a maior parte refugiados desde 1948).
Foram três semanas de intensos ataques, inclusive com utilização de bombas de fósforo branco, cujo uso contra civis é proibido (pelas leis internacionais). Segundo as Nações Unidas, uma em cada 230 pessoas de Gaza foi ferida. Se fosse no Brasil, seria o equivalente a 700 mil mortos em três semanas. Ainda conforme o ativista palestino, foram destruídas 44 mil casas e serão necessários 20 anos para a reconstrução. “Setenta mil famílias viverão em barracas por pelo menos dez anos”.
A lição, conforme ele, é que quando as pessoas querem, elas resistem. A comunicação compartilhada terá entre os desafios amplificar o apelo da sociedade civil palestina por boicotes, desinvestimento e sanções a produtos israelenses. E, no caso do Brasil, pressionar para que o Congresso Nacional não ratifique o TLC (Tratado de Livre Comércio) entre Mercosul e o Estado sionista.
Juma enfatizou que o FSM cumpre importante papel de globalizar essas e outras lutas dos povos e a mídia é crucial para ajudar nesse contexto. “Vejo o Fórum como um espaço não apenas de socialização dessas batalhas, mas de se construir plataformas, redes e ter planos de trabalho para cada uma delas”. Nesse encontro com os jornalistas, nasce a cobertura compartilhada com a Palestina que também aposta na luta pelo controle da mídia comercial para barrar a cobertura tendenciosa que tem sido feita dos ataques a Gaza.