Foi uma surpresa quando policiais a mando da ANATEL chegaram à tenda onde funcionava a Rádio Cúpula, do Território do Flamengo, no começo da tarde de 17 de Junho, perguntando pelo responsável pela emissora que transmitia informações e debates da Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental.
A Rádio foi uma das iniciativas de Comunicação Compartilhada da Cúpula dos Povos, ativistas e comunicadores para uma programação coletiva e abrindo os microfones para as vozes dos movimentos sociais, organizações e redes que debatiam suas agendas de luta popular no evento paralelo à Conferência Oficial da ONU, a Rio + 20.
Os agentes mandaram suspender a transmissão e parar a programação da rádio que estava funcionando desde o primeiro dia do evento. Em pouco tempo, a radio estava rodeada por ativistas em solidariedade com a equipe da rádio, determinados a impedir o fechamento.
A notícia repercutiu no Fórum Mundial de Mídia Livre, que acontecia nesse momento na UFRJ, de onde sairam ativistas como Maria Pia Matta, presidente mundial da Amarc, e Fedel do Fora do Eixo, que se manifestaram pelos microfones da Cúpula (ouvir áudio)
Isto acontece todo dia no mundo, e especialmente no Brasil”, disse Maria Pia, decidida a permanecer no local contra a ameaça de fechamento. “E se levarem o transmissor da Radio, nós, do Fora do Eixo, temos outro e traremos para cá”, disse Fedel
Também a Plenária dos Bens Comuns, processo da Cúpula dos Povos que debatia as propostas dos movimentos sociais para a defesa dos recursos naturais e culturais da humanidade, entre estes o direito à comunicação e ao conhecimento livre, recebeu o informe da Radio Cúpula com indignação.
Rita Freire, da Ciranda, mediava as intervenções na plenária quando interrompeu as falas pra relatar o que se passava e propor uma moção da Plenária dos Bens Comuns contra o fechamento da rádio e contra a perseguição e a criminalização das rádios comunitárias no Brasil. Aprovada a moção por aclamação, ela se dirigiu à Radio para levar a mensagem da plenária. “Não podemos aceitar que a Conferencia Oificial tenha todos os meios para divulgar propostas que não são as nossas e a nossa rádio seja calada”, protestou.
Rodas e protestos foram feitos ao redor da Radio (ver vídeos), enquanto repesentantes dos movimentos de comunicação, das radios comunitárias, da rede Mulher e Mídia, e da Secretaria de Direitos Humanos do governo federal negociavam com a Anatel uma licença provisória.
O programa da Rádio Cúpula apresentado por Denise Viola, que mostra momentos importantes dessa resistência, começa muito apropriadamente com a trilha Teje Preso, Num Tejo!