No dia 30 de agosto, a Caros Amigos promoveu na PUC em São Paulo o debate: Sobre a esquerda no Brasil. Entre os vários palestrantes, José Arbex, jornalista, escritor e editor especial da revista foi o primeiro a colocar o seu ponto de vista.
Ele inicou passando por pontos importantes desta história que dá significados diferentes à esquerda durante o tempo. A esquerda européia foi tolerante e aceitou participar do chamado “estado de bem estar social”. A frase emblemática de Margaret Tatcher: Não há sociedades, o que existe são indivíduos”, deu início a uma a nova fase do capitalismo que não tem nada a ver com o “estado de bem estar social”. O Brasil também teve a Margaret, e segundo o expositor, ela se chama Fernando Henrique.
Este novo tempo no mundo tem significado guerra, destruição para o planeta terra e para a gente que luta para viver nele. Neste ano, o número de 1 bilhão de famélicos foi atingido e, para a surpresa de alguns, não é por falta de alimentos, pois dividindo a produção alimentar pela população do mundo cada um teria 2.750 calorias por dia. Essa fome vem do capital, do agronegócio, e quem é a favor do agronegócio não é de esquerda. “Todo aquele que é comprometido com o capital não pode ser de esquerda”, diz Arbex.
Correlação de forças
As mudanças necessárias não podem ser feitas, diz o governo, pois a tal correlação de forças impede, mas isso é falso. No limite, o que daria para entender de uma esquerda comprometida, seria a necessidade de educar quadros e fazer uma resistência cotidiana, mas nunca se submeter ao capital.
As revoltas no Oriente Médio não olharam para a “correlação de forças” e nem os estudantes do Chile, porque eles não fizeram uma estratégia, somente expressaram sua humanidade, se fossem olhar a “correlação de forças” não teriam feito nada.
Arbex diz: “A definição de esquerda é exigir o impossível”
No momento em que a esquerda parar de exigir o impossível ela vai ficar olhando o mundo como lhe parece, e o mundo como lhe parece hoje é o da barbárie. Exigir o possível é se conformar com a barbárie. E quando a esquerda faz isso, vira um bando de oportunistas.
Partidos
Segundo Arbex, as questões da esquerda vieram para o Brasil tardiamente e com a visão de Lenin, que tinha construído uma teoria chamada “consciência externa”. A consciência trazida de fora, o partido formado por quadros que seriam a consciência da classe. Já Marx, extremamente prático, dizia que não é a consciência que determina o ser, mas o ser social que condiciona a consciência, e nunca é desvinculada de uma prática.
Nos dias de hoje, isso leva a crer que os partidos não podem ter sua vida política a partir de quadros com uma verdade histórica, a esquerda tem que fazer parte dos destinos do povo, completa Arbex. “Não sou espontaneísta, mas contra quadros auto eloquentes e auto legitimadores, daquele que dá para si próprio o papel de farol da história…”.
Assista o vídeo com o pensamento do Arbex sobre a esquerda.
“Ser de esquerda é exigir o impossível”
Victor,
que bom você ter registrado o debate da CA e sobretudo destacado a frase do Arbex, com a qual concordo totalmente.
Parabéns pela matéria!
Beijão,
Tere Vicente
“Ser de esquerda é exigir o impossível”
Obrigado Terezinha. Acho muito importante discutir esse tema para cada vez enxergar mais e melhor o caminho para a saída da barbárie. Bj. Victor