×
Logo SimpleAds

Nas fronteiras novamente, pelo direito de retorno

A terceira intifada (levante popular) não tem esvanecido, não obstante os obstáculos impostos e a repressão violenta das forças de ocupação e aliados. Sua segunda fase teve início em 3 de junho, como parte das atividades para lembrar a naksa (algo como revés). O termo árabe refere-se à ocupação sionista de 78% dos territórios palestinos em 1967 – incluindo Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental –, além da síria Golã e do egípcio Sinai, durante a chamada Guerra dos Seis Dias, entre 5 e 10 de junho daquele ano.

As principais manifestações se deram na fronteira síria, em que milhares de cidadãos participaram, exigindo o cumprimento do direito de retorno a suas casas, reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) em dezembro de 1948, através da Resolução nº 194. Um deles fincou uma bandeira palestina na cerca que impede a entrada no território ocupado. O ato pacífico foi reprimido com violência e, segundo os organizadores, 23 jovens foram mortos, incluindo uma estudante do último ano de inglês, Inas Shreteh, que tinha apenas 22 anos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A revolta teve início em 15 de maio último, aniversário de 63 anos da nakba (catástrofe), como é denominada a criação unilateral do Estado de Israel em 1948, quando foram expulsos cerca de 800 mil palestinos de suas terras e destruídas em torno de 400 aldeias. Encontrou inspiração nas revoluções populares em andamento no Oriente Próximo e Norte da África. Em sua fase atual – duas outras ocorreram em 1987 e 2000 –, a intifada guarda algumas peculiaridades. Desta vez, tem ocorrido também “de fora para dentro”, a partir de marchas de refugiados às fronteiras da Síria, Líbano, Jordânia e Egito com a Palestina ocupada, coordenadas pelo Grupo 15 de Maio, que se formou pela rede social facebook.

Durante a naksa, além da fronteira síria, ainda conforme os organizadores, houve protestos na jordaniana, em que por volta de 1.500 pessoas se reuniram, e internamente na Cisjordânia, em frente ao checkpoint em Qalandia, um dos diversos bloqueios que impedem os palestinos de circular livremente em seu próprio território. Nesse destino, o ato também foi reprimido com violência, havendo vários feridos e detenções. Em Gaza e no Líbano, as manifestações foram proibidas. A despeito disso, no último local, 15 ativistas tentaram cruzar a fronteira e foram presos.

Eles se somam a milhares de refugiados – somente no mundo árabe, em campos administrados pela UNRWA (agência de assistência das Nações Unidas a esses cidadãos), são 4,7 milhões –, à espera de uma solução que os contemple. A terceira intifada chama a atenção do mundo para a questão. Sem seu reconhecimento, é impossível pensar em um projeto que traga no seu bojo justiça e humanidade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

publicidade