A Assembléia de Convergência para a construção de uma proposta que mobilize o universo do FSM para o período da Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável programada para 14 a 16 de maio de 2012, indica que os diálogos estão apenas começando e não são fáceis.
O que fazer na Rio + 20 foi assunto tratado em várias atividades e assembléias de Dacar, com diferentes perspectivas. A Assembléia impulsionada pelo Grupo brasileiro de Reflexão e Apoio ao Processo FSM (GRAP), reuniu organizações latino-americanas e europeias que já convergem na intenção de fazer da Rio+20 uma agenda global para as respostas da sociedade civil às muitas crises debatidas no processo do FSM. Mas também evidenciou que ainda faltam protagonistas importantes nessa convergência.
“Estamos em um Fórum Social na África e não estavam os africanos na assembléia”, disse Cândido Grzibowski, após o encontro. Ampliar o diálogo com organizações dos continentes do Sul, segundo ele, faz parte dos passos necessários.
O GRAP buscou fazer no FSM um mapa das lutas que precisam ter representatividade na construção do Rio + 20 e que ajudarão a compor um “mapa do caminho” até 2012. Um exemplo, aponta Cândido, é a luta mundial pela água, tema crucial das lutas ambientalistas. “O pessoal do Fórum da Água não estava aqui”, lamentou. Mas os participantes se deram conta de que o 6º Fórum Mundial da Água acontecerá em Marselha na França em março de 2012, quase às vésperas da Rio+12 e foi incluido no percurso.
O mapa já incorpora a II Conferência dos Povos sobre o Clima, que da seguimento à Conferência realizada em 2010 em Cochabamba em contraposição à COP 16 – Convenção da ONU para as Mudanças Climáticas (Cancún – 2011) e que propõe derrubar o sistema capitalista para enfrentar as políticas que afetam o natureza, o meio ambiente e o bem viver. Resistências ao G8, G20 e COP 17 completam uma agenda intensamente mobilizada até 2012. Cândido observa que é preciso radicalizar a pressão sobre os governos, porque estes estão dispostos a fugir de compromissos para a solução da crise ambiental, tanto em Durban, Africa Sul (COP 17, em dezembro de 2011) quanto no Rio, em 2012
Mas como será o encontro dessas resistências em 2012? Em debate está a relação com o governo brasileiro, questionado de um lado pelo modelo desenvolvimentista, que se choca com as lutas ambientais, e solicitado de outro pela necessidade de dar suporte à sociedade civil mobilizada.
As diferentes formas de interpretar e aproveitar a oportunidade mobilizadora do evento Rio + 20 devem compor os debates no processo do FSM pós Dakar
No vídeo, Cândido Grzibowski comenta o resultado da Assembléia Rio + 20 e a delicada construção de uma convergência global.