Não foi em um uma ou duas mesas de debate do Fórum Social Temático que a Carta da Terra foi citada. A grande maioria dos participantes acabou encaminhando seu discurso para essa iniciativa, que nada mais é que uma declaração de princípios éticos que visa a construção de uma sociedade mais justa, sustentável e pacífica. Com o tema “Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental”, o evento realizado no Rio Grande do Sul entre 24 e 29 de janeiro abrigou debates, discussões e elaborações de ideias para a Rio+20. Resultado de uma década de diálogo intercultural, a Carta da Terra é um ponto importante que será levado à conferência das Nações Unidas a ser realizada no Rio de Janeiro, entre 13 e 22 de junho.
O projeto da Carta da Terra começou na década de 90 como uma iniciativa das Nações Unidas e virou uma iniciativa global. Mas foi em 2000 que a entidade internacional independente Comissão da Carta da Terra concluiu e divulgou o documento. Essa comissão foi formada no início de 1997 como um organismo internacional independente pelo Conselho da Terra e pela Cruz Verde Internacional (Green Cross International). Considerado o mais inclusivo e participativo processo de criação de uma declaração internacional, a redação da Carta da Terra foi legitimada por mais de 4.500 organizações, incluindo organismos governamentais e organizações internacionais, associações universitárias, organizações não-governamentais, grupos comunitários, grupos ecumênicos, escolas e negócios, assim como milhares de indivíduos.
O objetivo da Carta da Terra é promover a transição para uma vida mais sustentável, com integridade quando o assunto é ecologia. O documento convida todo ser humano a examinar seus valores e escolher um melhor caminho, buscando respeitar a diversidade e adotando uma nova ética global. De acordo com o texto, a educação para o desenvolvimento sustentável tornou-se essencial.
Entre os princípios da Carta da Terra estão: “Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade”; “Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos”; “Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor”; “Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas”; e “Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável”.