Com o passar do tempo, os meios de comunicação têm se tornado cada vez mais condizentes com os interesses e opiniões daqueles que estes devem representar. Esta representação está diretamente relacionada com o nível de liberdade e acesso a esses meios e, portanto, podemos concluir que temos avançado no que diz respeito ao desenvolvimento de uma mídia livre. Apesar disso, ainda existe um ponto na luta pela liberdade midiática que até mesmo nos meios mais livres, como a internet, ainda carece de conquistas: a autonomia do meio. É nesse ponto que surge a força do software livre, através das ferramentas de comunicação livre que além de garantir de verdade a liberdade de imprensa, garante também a autonomia do meio de comunicação.
A internet é hoje o maior, mais livre e mais democrático meio de comunicação disponível no mundo, titulo este alcançado principalmente por conta da sua facilidade e liberdade de acesso. Ao oferecer essas garantias, a internet impulsionou uma massiva produção cultural e disseminação de informações que alavancaram o desenvolvimento da sociedade como um todo. Com todo o seu poder, a internet já passou de mero serviço extra para uma necessidade básica de qualquer sociedade. Mas mesmo com toda sua importância, a internet sofre ataques (SOPA, PIPA) e, como qualquer necessidade básica, precisa de cuidado redobrado quando se trata da garantia da sua integridade, qualidade e liberdade. Um dos maiores pontos de sustentação da liberdade dos meios de comunicação abrigados na internet que vem sendo esquecido e sofre diariamente ataques é a autonomia do meio.
A autonomia do meio de comunicação está relacionada diretamente com a liberdade do uso deste. Sem a garantia desta autonomia, toda a informação que transita no meio está sujeita a quaisquer restrições impostas que garantam essa autonomia. A falta de autonomia se torna um objeto de barganha. Apesar de antigo, esse problema tem se tornado muito mais intenso e freqüente nos últimos tempos por conta do aumento do uso da internet como meio de reivindicação social. O aumento exponencial do uso de ferramentas como listas de discussão, blogs, micro-blogs ou redes sociais para fins de organização de movimentos sociais, surgimento de manifestações políticas e crítica social, sem a garantia da autonomia do meio de comunicação trouxe consigo inúmeros casos de censuras e ataques em níveis digitais, econômicos e até políticos (veja http://www.forumdemidialivre.org/?p=597 ou http://desculpeanossafalha.com.br/). Um dos passos para o fim dessas censuras e a construção de um meio de comunicação realmente livre, é a garantia dessa autonomia.
É nesse contexto que o uso de ferramentas que sejam Software Livre (veja http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_livre) para os meios de comunicação digitais surge. Por serem livres, esses softwares trazem desde a sua concepção o princípio da autonomia para os usuários. Enquanto no uso de ferramentas proprietárias o poder está na ferramenta, com ferramentas livres, o poder está no usuário. E é aí que está a grande questão, a transição do poder do meio de comunicação para o comunicador.
E isso já está acontecendo. Temos muitos exemplos de ferramentas livres que surgiram justamente para servir de base para a construção dessa autonomia dos meios de comunicação e de comunicadores que já começaram a utiliza-las ao invés de usar os meios de comunicação baseados em ferramentas proprietárias. Podemos citar o caso do Identi.ca (http://identi.ca/), micro-blog tal como o Twitter criado utilizando o StatusNet (http://status.net/) ferramenta livre para construção de micro-blogs e o Blogoosfero (http://paranablogs.wordpress.com/2011/06/14/blogoosfero-plataforma-livre-para-autonomia-da-blogosfera-brasileira/), uma rede social tal como o Facebook que está sendo criada utilizando o Noosfero (http://noosfero.org/) uma ferramenta livre para a construção de redes sociais.
Os primeiros passos que já estão sendo dados e é muito importante que as pessoas, principalmente os difusores de informação, percebam essas as ações e dêem continuidade a esse processo de construção de meios de comunicação que sejam realmente livres e que possam garantir a disseminação de informação e conteúdo de forma imparcial e sem censura.