Defensor curdo dos direitos humanos é assassinado em entrevista coletiva

O presidente da Ordem dos Advogados de Diyarbakir, Tahir Elci, conhecido defensor dos direitos humanos do povo curdo, foi alvejado e morto durante uma entrevista coletiva que realizava esta manhã naquela cidade cidade curda da Turquia.

O evento havia sido convocado porque, dias antes, de acordo com o Congresso Nacional do Curdistão (KNK), um histórico minarete de Dyarbakir fora alvo de ataques por armas pesadas das forças do governo turco e ficou severamente danificado. Um comunicado à imprensa foi feito pela associação de advogados para condenar esse ataque. O assassinato aconteceu após a apresentação desse comunicado.

O KNK, que fica situado na Bélgica devido à repressão sofrida pelo povo curdo nos países onde está distribuído, informa que Tahir Elci vinha sendo alvo das forças escuras pró governo do presidente turco, Tayyip Erdogan durante um longo tempo em razão de sua defesa dos direitos humanos. A perseguição piorou depois que ele declarou à televisão que o Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK) não é uma organização terrorista, como classifica o governo da Turquia. Detido, ele foi julgado e condenado a sete anos e meio de prisão por suas declarações. O PKK é proibido na Turquia. “Hoje ele foi assassinado por aqueles que julgaram essa condenação insuficiente!” , diz um comunicado do Congresso.

Representante do Congresso, o diplomata curdo Yilmaz Orkan esteve no Brasil no início de novembro para expor a situação de um povo que enfrenta diretamente os ataques do Estado Islâmico (ISIS) na Síria, mas também dos governos da região, e divulgar o projeto político de sociedade que vem sendo implementado nas cidades sob seu controle.

O povo curdo está distribuido em quatro países e mantem a gestão de áreas autônomas, como Rojava, (Curdistão Sírio ou Curdistão do Oeste) onde vem estabelecendo um modelo de gestão democrática, independente das religiões, em cidades como Kobani. Rojava é localizada na fronteira da Síria com a Turquia e inclui ainda outras sete cidades. O projeto curdo não é tolerado pela Turquia, cujo governo é suspeito de colaborar com o Estado Islâmico nos ataques ao povo de Rojava, por temer o crescimento político da autonomia curda dentro do país. Ylmaz Orkan denunciou a entrada de armas para o ISIS pela fronteira da Turquia, assim como o comércio de produtos e petróleo que sustentam as atividades do grupo terrorista. Além disso, a Turquia considera terroristas lideranças curdas que apoiam a resistência na fronteira.

“Estamos familiarizados com esse tipo de ataques. Milhares de políticos curdos foram assassinados pelas forças das trevas”, diz um comunicado do congresso curdo. “Sabemos que os agressores são os que não suportavam as posições de Tahir Elci, sua luta e sua personalidade”, aponta o organismo, referindo-se ao próprio governo turco.

O KNK, que reúne 39 partidos de todo Curdistão, apela “ao público democrático na Turquia e do mundo que está ao lado da paz, democracia e os direitos humanos” para manifestar sua solidariedade com a luta do povo curdo por liberdade e se posicionar contra os ataques bárbaros e brutais como o que tirou a vida de Tahir Elci.

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