27/01/2010 19:52
Esp: FSM 2010 – Vítimas de chuvas em SC se manifestam em Porto Alegre, por Sucena Shkrada Resk
Vítimas das chuvas que atingiram o estado de Santa Catarina, em 2008, participaram nesta quarta-feira, do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, para pedir auxílio global à população que ainda sofre devido às chuvas e intempéries climáticas, que são frequentes nesta parte do Brasil. Durante uma oficina sobre a COP 16 – 16ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (que ocorrerá no México, no final do ano), apresentaram a publicação da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (ABONG) – “SOS Comunidade Vale do Itajaí – monitoramento e organização comunitária em desastres”.
A revista, com 50 páginas, é um dossiê da situação de calamidade, que até hoje ainda reflete na vida da população local, apesar de intervenções do poder público. No material disponibilizado em CD, há o relatório “Direito à Sobrevivência”, lançado em 2009, pela Oxfam Internacional. O levantamento aponta que os eventos de desastres climáticos podem aumentar em 50% em todo planeta, até o ano de 2015.
Algumas das vítimas das chuvas concederam entrevista ao Blog Cidadãos do Mundo, e relataram, que o dia a dia das famílias sofre interferência da tragédia até hoje, mais de um ano após o incidente. O presidente da Associação de Moradores do Rio da Luz e Barra do Rio, Hélio Teixeira da Rosa, 36 anos, de Jaraguá do Sul, conta que a infra-estrutura do bairro onde mora – bairro Rio da Luz, é precária, mesmo após providências tomadas pelo poder público em auxílio aos moradores locais.,br>
“Sofremos com o deslizamento de terra e alagamentos em novembro de 2008, quando houve a morte de 9 pessoas. O problema é que fica em área de encosta e ribeirinha. Acredito que mora cerca de 2000 pessoas em áreas de risco na região”, conta.
Segundo o morador, os rios Jaraguá, da Luz e Guamiranga, que atingem outros bairros, chegou a subir em dois metros. “Até hoje sinto tristeza e desânimo. Minha casa teve rachaduras e as casas de alguns vizinhos foram abaixo ou interditadas”, afirma. Cerca de 20 famílias ficaram desalojadas. “A Prefeitura pagou um ano de aluguel e agora, as pessoas têm de se virar por conta própria” afirma.
A reivindicação da comunidade, de acordo com Teixeira da Rosa, é que as ruas da região sejam pavimentadas e que seja construída área de lazer. “Ainda não temos endereço, não recebemos carta, com nome de rua. Só vem a conta de água e luz”, fala.
A história de moradora assistida pelo Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Braz, de Joinvile, retrata mais uma situação de dificuldade provocada pelos temporais. “A minha casa cedeu, foi interditada pela Defesa Civil, em novembro de 2008. Eu morava lá, há 18 anos. Somente em 95 , tinha ocorrido chuva semelhante”, diz.
A dona de casa lamenta, que não pôde mais voltar com sua família à sua casa própria, que foi resultado do esforço de longos anos, porque o ‘solo não tem firmeza’, segundo laudo oficial. “A Secretaria Municipal de Habitação ofereceu um outro local, em terreno menor, não aceitamos. A nossa casa tinha três quartos, sala e cozinha e lavanderia. Mesmo sem estar lá, temos ainda de pagar Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e taxa de lixo”, conta. Ela se recorda que ficou em pãnico na época. “Eu e minha família (marido e dois filhos), por 11 dias, tivemos de permanecer alojados em um colégio. Depois mudamos para Guaramirim, onde pagamos aluguel”.
Veja mais nos posts do Blog Cidadãos do Mundo/jornalista Sucena Shkrada Resk
Especial Fórum Social Mundial 2010:
27/01 – 10 anos de Fórum registrados pelas rádios comunitárias
26/01 – Índios na ofensiva ideológica
26/01 – Mobilização em prol do Haiti
26/01 – Agroecologia e mulheres camponesas
25/01 – Caminhada celebra diversidade
25/01 -Desafio é levar reflexão à massa
24/01 -Esta edição não reunirá multidões
21/01 – Pensata: Qual é o mundo possível?
Fonte: Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk – www.twitter.com/SucenaSResk