“Agir em conjunto na Europa contra a crise” é o mote da resolução final deste Fórum Social Europeu que teve como objectivo maior a construção de um espaço exemplar de organização do combate às políticas neoliberais da União Europeia, dos governos e do FMI: “fazer do fórum um imenso laboratório para a coordenação internacional das nossas resistências e a promoção de um novo modelo social, económico e ecológico”, lia-se na convocatória.
O Fórum Social Europeu (FSE) define-se como “um espaço aberto de debate aberto a pessoas, grupos e movimentos da sociedade civil unidos contra o neo-liberalismo e que rejeitam uma sociedade mundial dominada pelo capital e por qualquer forma de imperialismo”.
Em Istambul decorreram inúmeros workshops, reuniões, encontros que procuraram a resposta à crise, centrando-se no valor dos direitos humanos, na defesa do emprego, dos salários e das pensões, e onde se discutiu a construção da luta organizada, solidária e coordenada a nível internacional por um novo modelo social, económico e ecológico.
“Eles que paguem a crise deles”, foi um dos gritos de revolta desta grande iniciativa, que parte do princípio de que “outra Europa é necessária e possível”. Uma Europa que não seja dominada pelos interesses convergentes dos grandes centros de negócio, dos especuladores financeiros e dos governos neoliberais. O FSE juntou milhares de activistas para discutir e promover a organização da coordenação da resistência internacional à “barbárie anti-social”.
Neste dossier concentramos todos os artigos e relatos que nos chegaram dos activistas do Bloco de Esquerda que estiveram em Istambul e do grupo parlamentar europeu do Bloco, como por exemplo as declarações da eurodeputada Marisa Matias, na manifestação final que encerrou o FSE 2010.
Vários temas foram abordados durante os dias do fórum, desde a crise e a mobilização dos trabalhadores, trabalho e precariedade, educação, aos recursos energéticos e a questão da água com bem comum, ao movimento anti-guerra e anti-NATO, à ecologia, etc.
Os temas da violência de género e da construção de um movimento feminista internacionalista também estiveram presentes no FSE. O dia de véspera do início do fórum ficou marcado pela iniciativa da Marcha Mundial de Mulheres, integrada no plano da III Acção Internacional, que organizou workshops e uma grande manifestação de mulheres vindas de todo o mundo.
Neste dossier incluímos também os depoimentos de Almerinda Bento (da organização feminista portuguesa UMAR) que esteve em Istambul, e nos explica os objectivos da III Acção Internacional, e o de Giovanni Allegretti (um sociólogo italiano residente em Portugal) que nos fala sobre o estado actual dos Fóruns Sociais.