O representante do Fórum do Terceiro Mundo no Senegal, Bernard Founou Tchuigoua, disse neste domingo (31) que os países africanos não precisam de caridade, mas sim de um plano para fortalecer as instituições e se industrializar.
Ao participar do painel Estratégias de Governança, no Fórum Social Mundial Temático da Bahia, o senegalês cobrou que seja feito na África uma espécie de Plano Marshall, por meio do qual os Estados Unidos ajudaram a Europa a se reerguer após a Segunda Guerra Mundial, ou ações como as que ajudaram a Coreia do Sul a se tornar desenvolvida para combater o comunismo. “Se nós pegarmos todas as condições que foram oferecidas para a industrialização desses países, percebemos que o que vem para a África é muito pouco”, avaliou Tchuigoua.
Ele questionou ainda a eficácia do trabalho realizado pelas organizações não governamentais na África. Segundo Tchuigoua, essas ONGs visam a disponibilizar serviços básicos que os governos não são capazes de oferecer, mas elas desconhecem a complexidade das sociedades que atendem. Além disso, segundo ele, a caridade não faz sentido quando ela não consegue reduzir a desigualdade.
“A caridade tem o objetivo de criar apenas uma clientela. No plano internacional essa ajuda tem sentido apenas se ela visar a uma igualdade entre aqueles que ajudam e os que são ajudados. Manter esse estado de dependência não é interessante”, argumentou. No próximo ano, o Fórum Social Mundial irá acontecer em Dacar, no Senegal.