Pensata: Da “Pachamama” ao “Avatar”

21/02/2010 19:38
Pensata: Da ‘Pachamama’ ao ‘avatar’, por Sucena Shkrada Resk
A simbologia expressa pela linguagem escrita, oral, dos gestos e do olhar é um material infinitamente poderoso para reconhecermos e identificarmos nosso papel socioambiental neste planeta. Por meio da manifestação cultural, podemos desenvolver essa concepção e promover reflexões.

Isso se torna cada vez mais evidente em alguns exemplos semióticos, como a interpretação do profundo sentido da expressão “Pachamama’, que significa a Mãe Terra ou Natureza, na língua indígena dos povos andinos da América do Sul. Ouvi com profundo respeito essa palavra, quando a escutei da boca do sociólogo peruano Roberto Espinoza e do índio equatoriano Virgilio Churuchumbi, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, neste ano.

Nas entrelinhas do filme Avatar (reencarnação ou transformação; termo originário do sânscrito e utilizado no hinduísmo), do diretor norte-americano James Cameron, pude viajar a caminho dos diferentes significados da ‘árvore-mãe’, que foi um eixo central da trama.

Eu fiz essa analogia ao assistir hoje o longa-metragem, sem me prender obviamente aos efeitos técnicos e ao custo milionário da produção, que ao meu ver, poderia ter outro tipo de destinação em um mundo tão desigual, fazendo jus à mensagem proposta pelo enredo, contra a exploração desenfreada do planeta, que, por conseqüência, suga as suas energias vitais.

Deixei-me levar pela sensibilidade de ver como o ser humano, ou seja, nós, temos o livre arbítrio da escolha e podemos mudar os rumos de ações e recomeçar nossas histórias. Podemos escolher o caminho do lucro a qualquer custo ou do respeito à vida, ou melhor, ao meio ambiente. É algo tão evidente, mas que temos dificuldade de exercitar de forma responsável e consciente no dia a dia, em pequenos atos ou gestos.

Consegui extrair da mensagem expressa no filme, que somos, sim, responsáveis pela mobilização do coletivo em prol do planeta, o que infere conceito de rede ou teia. É um princípio no qual acredito. Os povos ‘Avatares’ de diferentes locais se uniram pela preservação da natureza, dos seus costumes, de suas crenças e, acima de tudo, da harmonia material e espiritual. Foi impossível não correlacionar esse recado subliminar ao dos povos tradicionais, que lutam pela ‘Pachamama’.

A analogia é a seguinte: o nosso desafio é unir os povos do planeta, em todos os continentes, pela mãe Terra ou pela ‘árvore-mãe’ (seja qual nome queiramos dar), nos possibilitando a segunda chance de corrigir os erros. Não importa que haja culturas, línguas e histórias diferentes. São justamente essas diferenças que dão ritmo à harmonia do planeta, nos obrigando a sermos eternos aprendizes em busca do compartilhamento.
Fonte: Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk – www.twitter.com/SucenaSResk