O secretário geral da NATO, Anders Rasmussen, esteve em Lisboa para apresentar ao Governo o novo conceito estratégico da aliança atlântica. Este documento será discutido na Cimeira de Lisboa que ocorrerá em Novembro e que segundo Rasmussen “será a mais importante cimeira na história da NATO e irá moldar o futuro da organização”. No mesmo dia, em Istambul, activistas anti-guerra reuniam-se no Forum Social Europeu para partilhar experiências e planear a resposta global à nova ofensiva da NATO.
O FSE acontece num momento particularmente importante para o movimento que se opõe à guerra e à NATO. Nos vários debates e painéis subordinados a este tema, foi unanimemente considerado que o conflito no Afeganistão está a confirmar-se como um atoleiro para as forças da NATO, onde se incluem os militares portugueses. O passado mês de Junho foi o mais sangrento, desde o início da guerra em 2001, tendo morrido mais de 100 soldados das tropas invasoras e as baixas civis continuam a crescer diariamente. As forças talibans têm aumentado a sua capacidade operacional chegando ao ponto de desferir ataques contra os quartéis da força internacional. No dia em que o general David Petraus chegou ao Afeganistão para assumir funções foi realizado novo ataque, desta vez contra um centro de logística de apoio aos militares, com o resultado de mais mortes.
A participação na guerra do Afeganistão de um largo conjunto de países europeus foi igualmente considerado como ponto fundamental para a mobilização de acções contra a guerra. No caso português, e na última semana, foi comunicado pelo Ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, que o contigente português no Afeganistão será reforçado em Outubro.
Numa altura em que a violência dos planos de austeridade sobre as populações é a regra geral nos países europeus, os vários movimentos presentes declararam como inaceitável a continuidade e reforço dos gastos militares conforme prevê o Tratado de Lisboa e como será proposto na Cimeira da NATO em Lisboa.
Porque o cenário é comum em toda a Europa, o FSE assumiu esta luta no seu programa com seminários e debates sobre a oposição à Nato e ao novo conceito estratégico, o sistema de “defesa” anti-missil, as armas nucleares, a militarização da União Europeia e as suas bases militares, a privatização da guerra e o conflito no Afeganistão.
Por último, na assembleia de movimentos contra a guerra, com a participação de movimentos de vários países e de deputados de parlamentos nacionais (Alemanha, Turquia, Inglaterra) foi realizado apelo para a participação nas várias iniciativas que ocorrerão até ao final do ano, mas com especial ênfase para a Cimeira da NATO em Lisboa a 19 e 20 de Novembro.