Foto: Hilde Stephansen, check point visto de longe, já que não é permitido fotografar no local
Logo no primeiro dia do Fórum Mundial da Educação (28), após a marcha, eu e Hilde Stephansen, que estamos participando da cobertura do encontro pela Ciranda, vivemos um constrangimento que os palestinos e palestinas enfrentam diariamente.
Tentando nos deslocar de Ramallah a Jerusalém para acompanhar a coletiva de imprensa inaugural do encontro, conseguimos uma carona até um checkpoint. Não havia outro jeito senão passar a barreira a pé para pegar um taxi. Em várias portões era visível a segregacao que predomina no local. Nas filas, palestinos/as aguardavam permissão para ir a Jerusalém, cumprindo seu cotidiano sob humilhação e opressão.
Para passar, as pessoas enfrentavam as revistas feitas aos gritos. Alguns, mesmo tendo autorização para esse trajeto – que nem todos os habitantes podem fazer – eram proibidos de seguir em frente, seja para trabalhar, estudar, visitar familiares. Ali, o direito de ir e vir livremente é negado o tempo todo. Ficamos na fila até que não havia mais tempo de alcançar nossos compromissos. Como era o caso também daquelas pessoas.
A cena choca, ainda mais se pensarmos que o mundo já sabe que o apartheid é regra na Palestina ocupada. Há inúmeros observadores internacionais circulando no território e essas imagens não são novidade. O muro é símbolo mundial dessa opressao. Apesar disso, os palestinos não perdem sua alegria e receptividade e resistem das mais diversas formas .
No Fórum que debate a educação na Palestina, fica claro que resistir é também ir à escola para estudar ou dar aulas. Em Hebron, por exemplo, a drástica ocupação de inúmeros assentamentos em que vivem mais de 400 colonos, é mantida também por 160 cameras de vigilância espalhadas e 1.500 soldados israelenses. As crianças e professores/as palestinas são obrigadas a percorrer 12 quilometros diariamente para chegar à escola. Fariam o caminho em poucos minutos, se não fossem proibidas de andar por suas próprias ruas, transformadas em áreas sob controle militar.
Ao ver e vivenciar essas cenas de segregação, participantes do Fórum Mundial de Educação da Palestina consideram urgente que o mundo se engaje fortemente em campanhas pelos diretos palestinos, como as propostas de boicotes a produtos israelenses, iniciativas pelo direito à educacao e movimentos contra o muro do apartheid.
Em workshops e momentos informais pudemos ouvir e conversar sobre a Semana BDS, de Boicote, Não Investimento e Sanções à empresas, instituições e universidades que apoiam a ocupação. Marcada para 9 a 16 de Novembro, a atividade será globalizada, com iniciativas em todos os continentes
Para nós, da imprensa alternativa, ha o desafio de cobrir essas ações de modo minimamente coordenado, para que as notícias da Semana BDS circulem entre movimentos sociais e organizações da sociedade civil que não encontram essas informações na grande imprensa.
Entre os dias 12 e 13 de novembro próximo começa a maratona midiática sobre o BDS no mundo, convocada pela rede Stop the Wall, da qual a Ciranda participa junto com outras iniciativas compartilhadas de comunicação.
Na fila de um check-point
Soraya, parabéns pelas matérias! Solidarizo-me com todos os palestinos na sua luta! Sinta-se abraçada fortemente, ainda que não tenhamos conseguido fazê-lo fisicamente. Ontem fui ver, na Mostra de Cinema, “CArlos” (o Chacal), e acho que hoje a situação da Palestina está pior – se é que é possível! – do que nos tempos em que ele fazia parte da Frente de Libertação! Suas matérias dizem da Palestina atual e são muito emocionantes! Pela liberdade de todos os Palestinos! Abração!