Entre os dias 8 e 18 de março, a Marcha Mundial das Mulheres organizará sua 3ª Ação Internacional no Brasil. Neste período, 3 mil mulheres de todas as regiões do Brasil marcharão entre as cidades de Campinas e São Paulo. Será uma grande ação de denúncia, reivindicação e formação, que pretende dar visibilidade à luta feminista contra o capitalismo e a favor da solidariedade internacional, além de buscar transformações reais para a vida das mulheres brasileiras a partir de propostas baseadas nos valores da igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade.
O tema das mobilizações é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e sua plataforma se baseia em quatro campos de atuação sobre os quais a Marcha Mundial das Mulheres tem se debruçado: Autonomia econômica das mulheres, Bens comuns e Serviços Públicos (contra a privatização da natureza e dos serviços públicos), Paz e desmilitarizaçã o, e Violência contra as mulheres. Cada um desses eixos se desdobra em reivindicações construídas a partir das realidades locais vividas pelas mulheres que já estão se organizando em nível estadual para participar da marcha.
3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres no mundo
As atividades que fazem parte da 3ª Ação Internacional serão concentradas em dois períodos, de 8 a 18 de março e de 7 a 17 de outubro, e contarão com mobilizações de diferentes formatos, em vários países do mundo. O primeiro período, que marcará o centenário da declaração do Dia Internacional das Mulheres, será composto principalmente de marchas. O segundo, de ações e marchas simultâneas, com um ponto de encontro em Sud Kivu , na República Democrática do Congo. Este momento expressará a solidariedade internacional entre as mulheres, enfatizando seu papel protagonista na solução de conflitos armados e na reconstrução das relações sociais em suas comunidades, em busca da paz.
Ações internacionais da Marcha Mundial das Mulheres
A Marcha Mundial das Mulheres já realizou duas ações internacionais, nos anos 2000 e 2005. A primeira contou com a participação de mais de 5000 grupos de 159 países e territórios e mobilizou milhares de mulheres em todo o mundo. Naquela ocasião, foi entregue à Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque , um documento com dezessete pontos de reivindicação, apoiado por cinco milhões de assinaturas. Essa ação foi um primeiro chamado de alcance mundial às mulheres, construído desde 1998, e que estimulou os diversos grupos a construir a MMM como movimento internacional.
A segunda ação mundial, realizada em 2005, novamente levou milhares de mulheres às ruas. A Marcha construiu a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade, em que expressa sua visão das alternativas econômicas, sociais e culturais para a construção de um mundo fundado nos princípios da igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade entre os povos e seres humanos em geral, respeitando o meio ambiente e a biodiversidade. De 8 de março a 17 de outubro daquele ano, foi construída uma grande Colcha Mosaico Mundial de Solidariedade a partir de um retalho de cada país, uma forma simbólica de representar a Carta. Ambas viajaram por 53 países e territórios de cinco continentes.
Histórico da Marcha Mundial das Mulheres
A Marcha Mundial das Mulheres nasceu no ano 2000 como uma grande mobilização que reuniu mulheres do mundo todo em uma campanha contra a pobreza e a violência. As ações começaram em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e terminaram em 17 de outubro, Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza, organizadas a partir do chamado “2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista”.
A inspiração para a criação da Marcha Mundial das Mulheres partiu de uma manifestação realizada em 1995, em Quebec, no Canadá, quando 850 mulheres marcharam 200 quilômetros , pedindo, simbolicamente, “Pão e Rosas”. A ação marcou a retomada das mobilizações das mulheres nas ruas, fazendo uma crítica contundente ao sistema capitalista como um todo. Ao seu final, diversas conquistas foram alcançadas, como o aumento do salário mínimo, mais direitos para as mulheres imigrantes e apoio à economia solidária.
Entre os princípios da MMM estão a organização das mulheres urbanas e rurais a partir da base e as alianças com movimentos sociais. Defendemos a visão de que as mulheres são sujeitos ativos na luta pela transformação de suas vidas e que ela está vinculada à necessidade de superar o sistema capitalista patriarcal, racista, homofóbico e destruidor do meio ambiente. A Marcha busca construir uma perspectiva feminista afirmando o direito à auto-determinaçã o das mulheres e a igualdade como base da nova sociedade que lutamos para consolidar.