“Eles que paguem a crise deles”, é o lema desta grande iniciativa, que parte do princípio de que “outra Europa é necessária”. Uma Europa que não seja dominada pelos interesses convergentes dos grandes centros de negócio, dos especuladores financeiros e dos governos neoliberais. Trata-se de discutir e organizar a coordenação da resistência internacional à “barbárie anti-social”.
O Fórum Social Europeu (FSE) é um espaço de debate aberto a pessoas, grupos e movimentos da sociedade civil unidos contra o neoliberalismo e uma sociedade mundial dominada pelo capital e por qualquer forma de imperialismo.
A reunião de Istambul é dedicada às múltiplas incidências da crise atual sobre os direitos sociais e laborais através de toda a Europa numa perspectiva de procura de um modelo alternativo assente no reforço da democracia e na necessidade de construir uma nova ordem social e ecológica.
“A crise do capitalismo neoliberal está se transformando em uma verdadeira guerra contra o povo trabalhador”, lê-se na convocatória para a reunião do Fórum. Segundo o documento, os trabalhadores vivem os seus “piores tempos” desde a Segunda Guerra Mundial em termos de rendimentos do trabalho e de direitos sociais, sofrendo “cortes tremendos nos salários e pensões, desemprego sem precedentes e destruição total dos serviços públicos”, acrescenta.
O apelo para Istambul, lançado em fevereiro deste ano em Atenas, sublinha que a União Europeia, o FMI, os especuladores financeiros e os governos neoliberais europeus estão tentando “fazer da Grécia o laboratório de um novo e bárbaro modelo anti-social que vão querer aplicar através de toda a Europa”. Não se trata de “uma crise grega, mas sim da crise do capitalismo neoliberal”, razão pela qual aqueles que a criaram – os setores dos grandes negócios, os especuladores e os governos neoliberais – “estão agora a tentar transferir a fatura para os que por ela não são responsáveis: trabalhadores, desempregados, pensionistas, jovens, mulheres, imigrantes”.
Daí o objetivo traçado de fazer deste sexto Fórum Social Europeu “um imenso laboratório para a coordenação internacional das nossas resistências e a promoção de um novo modelo social, econômico e ecológico”.
A mobilização dos europeus, ainda segundo o apelo, deve ser no sentido de elevar à escala europeia as lutas pelas defesas do emprego, salário e pensões, acabar de vez com a especulação financeira, estabelecer uma moratória europeia aos pagamentos das dívidas públicas e provocar uma transformação para um modo de produção ecológico.
A Esquerda Unitária no Parlamento Europeu, aglutinada no Grupo GUE/NGL, estará presente com oito deputados no Fórum de Istambul, entre eles Marisa Matias e Rui Tavares, eleitos pelo Bloco de Esquerda. O GUE/NGL organizará dois workshops durante o Fórum: sobre o ano europeu para o combate à pobreza, na quinta-feira, 1 de Julho; sobre a acção política para a solidariedade global, na sexta-feira, 2 de Julho. Além disso, Marisa Matias fará uma intervenção no semimário dedicado às perspectivas da ecologia de esquerda e Rui Tavares intervirá no seminário “Afinal somos todos PIGS?”. A delegação participará no sábado na manifestação através de Istambul, que será centrada na defesa da igualdade dos direitos das mulheres e contra a discriminação.
Uma delegação de ativistas vindos de diversos movimentos sociais em Portugal, desde movimentos de precários a de defesa de direitos dos imigrantes e da luta anti-racista, também acompanhará e participará nos trabalhos do Fórum Social Europeu.
Temas dos seminários que decorrerão em Istambul:
Que futuro para o Fórum Social Europeu e os movimentos sociais perante a crise global?; Perspectivas de uma ecologia de esquerda; Depois da crise política e social grega devemos construir uma nova Europa?; A questão do gênero na crise econômica; Programas anti-crise dos movimentos sociais e de esquerda – uma análise comparativa no sentido de uma plataforma comum; O que a crise grega revelou para lá do Tratado de Lisboa; A resposta política à crise; Afinal somos todos PIGS?; A reforma neoliberal da educação superior; Economia e democracia – como a falta desta contribuiu para a crise e como o seu reforço pode promover a economia social; Análise da crise da indústria automóvel; Ligação entre a crise social e a ecologia.
Mais informações: www.fse-esf.org; www.guengl.eu.
Publicado pelo Grupo Parlamentar Europeu do Bloco de Esquerda.