Em frente ao parque Municipal, todos aqueles que se intitulam defensores do bem comum se aglomeraram para o grande cortejo pelas ruas santarenas. O rito de abertura promovido pelos índios Wai Wai deu as boas-vindas aos demais povos oriundos de uma América do Sul explorada pelos primeiros mundos. Wai Wai e Munduruku constituíam uma parcela dos povos indígenas ávidos por respeito e justiça.
Já nas ruas santarenas era de se perceber o quanto o mundo necessita de consertos, sobretudo, a Amazônia que há tempos vem sofrendo as torturas causadas pelo homem. Um grupo de pessoas fazia ouvir: “um, dois, três, quatro, cinco mil. Ou para Belo Monte ou paramos o Brasil.” Em consonância com o protesto sobre a construção da Usina de Belo Monte, a trágica representação da morte simbolizava a previsível consequência dos grandes projetos aqui implantados.
Adiante, organizações quilombolas de Santarém e de Belém exigiam respeito à sua cultura, da mesma forma como um grupo de mulheres negras vestidas de acordo com os seus costumes se faziam exibir lindamente ao mesmo tempo em que representavam o estigma dos negros africanos escravizados no Brasil.
O cortejo pan-amazônico prosseguiu ritmado pela banda de fanfarra Afro- -Amazônida da comunidade de Mumumuru (Santarém). E nesse ritmo, a mistura de pensamentos que, num momento, elucidavam o direito à terra representado nos mártires da história como a Irmã Dorothy Stang, noutro, o pedido a uma reforma urbana com direito a transporte público de qualidade, davam corpo à caminhada.
A orla da cidade, especificamente em frente ao museu João Fona, foi o local que ocorreu a culminância da abertura do V Fórum Social Pan-Amazônico. Ali, todos formaram um só corpo que andou em direção única: à defesa dos povos da floresta e de todos aqueles que dela dependem.
Colaboraram neste artigo: Thiago Rodrigues e Vanessa Silva