No dia 26 de janeiro, segundo dia do FSM, aconteceu na sala da imprensa na Usina do Gasômetro uma entrevista coletiva conduzida por Josué Franco da Associação das Brasileira das Rádios Comunitárias (Abraço) e Andreas Behn, da Agência Pulsar. A entrevista está envolvida nas dinâmicas intercontinentais das rádios comunitárias, a Rádio Koch oriunda de um dos bairros da lata mais populosos do mundo – Korogocho, em Nairóbi, Quênia, e a Rádio Favela, de Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, no Brasil.
Uma das entrevistadas é apresentadora de um programa de educação cívica na Rádio Koch, Catherine Wanjiku. Além dela, participaram a jornalista Juliana Cezar, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), e as ativistas brasileiras dos direitos da mulheres, respectivamente Vilma Maria, Maria de Lurdes Isaías, Maria Pupe.
Foi uma conversa muito franca em torno da luta do reconhecimento legal das trabalhadoras domésticas, do racismo, do valor do trabalho. E que apenas com o orgulho do trabalho das mulheres domésticas estas podem reivindicar os seus direitos. À participante do Quênia foi lhe perguntado sobre o papel da mulher na sua rádio, ao que ela disse que dentro da Rádio Koch pratica-se igualdade e que não havia discriminação de qualquer tipo, mas que na sociedade local as empregadas domésticas ainda sofrem maus tratos e muita vezes não são pagas ou apenas são sujeitas a pagamento em bens. Essa é similaridade apontada entre Brasil e Quênia, pois as mulheres brasileiras reconheceram a existência dessa prática no seio das casas onde trabalham.
Ficou-se com o compromisso de conectar as organizações das empregadas domésticas nos dois continentes, assim como entre o Brasil e os países falantes da língua portuguesa, incluindo ainda o Quênia na sua luta a favor da regulação do seu trabalho.