Há vários meses que os mercados financeiros escolheram a Grécia como alvo. A fim de “tranquilizar os mercados” e “restaurar a confiança”, a União Europeia e o FMI impuseram uma drástica “cura” de austeridade ao povo grego. A idade da reforma será adiada para os 67 anos e as pensões serão congeladas. Os salários do sector público serão reduzidos em 15% e no sector privado os despedimentos serão facilitados. O IVA passará de 19% para 21%. Outras medidas deste tipo estão planeadas. Este plano de austeridade vai mergulhar a economia da Grécia na recessão e levar a um desastre social.
A experiência ensina-nos que a crise na Grécia é apenas mais um exemplo de décadas de turbulência financeira, que tem devastado e reforçado o endividamento de países em todo o mundo, particularmente no Sul. Vejam-se a crise da dívida dos anos 80, que tem permanentemente endividado muitos países em África e na América Latina, as crises financeiras do México, da Ásia e da Rússia dos finais de 90, a crise argentina de 2001-02. Estes não são casos isolados mas o resultado das acções desregulamentadas e vorazes dos mercados financeiros.
Depois da Islândia e da Grécia, os mercados financeiros já têm outros países europeus na sua mira: Portugal e a Espanha estão na linha de fogo, a Irlanda e a França enfrentam ameaças. Na verdade, as medidas financeiros para salvar os bancos, os “planos de crise” e as reduções de impostos para os mais ricos, criaram em todo o lado enormes buracos orçamentais. Os nossos governos salvaram os bancos da falência, sem exigirem qualquer contrapartida. Agora esses mesmos bancos atiram-se àqueles países e têm carta branca para especular sobre as avaliações negativas. Estão a voltar aos lucros à custa do povo, uma vez mais.
O desafio é simples: quem vai pagar a conta? Quem vai pagar a salvação dos bancos? Quem vai pagar os deficits públicos? A União Europeia anunciou um “plano de emergência para a Grécia”, mas os empréstimos só irão beneficiar os especuladores e não o povo grego. Além disso, esses empréstimos não serão uma solução de longo prazo.
Por todo o lado os direitos sociais estão a ser postos em causa. Se as pessoas não reagirem decididamente e de imediato, serão jogadas umas contra as outras como já está a acontecer com os gregos, que estão a ser rotulados de “charlatães” e de “irresponsáveis”. Ninguém sabe como isto vai acabar. Para parar com esta espiral temos de nos mobilizar e ficar ao lado dos gregos. Ontem (5 de Maio), os sindicatos e os movimentos gregos organizaram uma greve geral e apelaram à solidariedade internacional dos movimentos sociais, das redes e das organizações.
Nós, dos movimentos e organizações que são membros do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, aproveitámos a nossa reunião no México para expressar a nossa solidariedade com os movimentos grego e europeu e o apoio à sua exigência de fortes medidas contra a especulação financeira e a elaboração de um plano de verdadeira solidariedade financeira que beneficie o povo grego em vez dos mercados financeiros e dos especuladores. A crise na Grécia reforça a nossa determinação em nos opormos às políticas financeiras neoliberais e de reafirmar a soberania dos povos sobre as suas economias, no Sul e no Norte.
Rita Freire, CIRANDA, Brazil
Viriato Tamele, CJE, Mozambique
Gustave Massiah, CRID, France
Ryu Mikyung, KCTU, Korea
Christope Aguiton, ATTAC, France
Geneviève Azam, ATTAC, France
Nicola Bullard, Focus on the Global South, Thailand
Edward Oyugi, SODNET, Kenya
Mireille Fanon-Mendes-France, Fondation Frantz Fanon
Allam Jarrar, Palestinian NGO network, Palestine
Chico Whitaker, Brazilian Commission Justice and Peace, Brazil
Moema Miranda, Ibase, Brazil
Virginie Vargas, Articulacion Feminista Marcosur, Peru
Taoufik Ben Abdallah, Enda, Sénégal
Abbé Antoine Ambroise Tine, Italie
Babacar Diop, ICAE-PALAE, Sénégal
Demba Moussa, Forum Africain des Alternatives, Sénégal
Dan Baron, IDEA, Brazil-Wales
Celina Valadez, Dinamismo Juvenil, Mexico
Diana Senghor, PANOS, SénégalAlexandre Bento, CUT, Brazil
Salete Valesan, IPF, Brazil
Jason Nardi, Social Watch, Italy
Hélène Cabioc’h, AITEC, France
Nicolas Haeringer, ATTAC, France
Nathalie Péré-Marzano, CRID, France
Azril Bacal, Uppsala Social Forum, Sweden/Peru
Francine Mestrum, Global Social Justice, Belgium
Hector-Leon Moncayo, Alianza Social Continental, Colombia
Leo Gabriel, Austrian Social Forum, Austria
Wilhelmina Trout, World March of Women, South Africa
Bheki Ntshalintshali, COSATU, South Africa
Ivette Lacaba, COMCAUSA, Mexico
Samir Abi, ATTAC Togo/ROAD, Togo
Olivier Bonfond, CADTM, Belgium
Walter Baier, Transform!, Austria
Diego Azzi, CSA, Brazil
Marco A. Velazquez N., RMALC, Mexico
Miguel Santibanez, ALOP, Chile
Hector de la Cueva, Alianza Social Continental
Jennifer Cox, PPEHRC, USA
Jorge Lopez, CAMBIOS, Mexico
Ana Esther Cecena, Red en Defensa de la Humanidad, Mexico
Lorena Zarate, HIC-AL, Mexico
Refaat Sabbah, Alternatives International, Palestine
José Miguel Hernandez, CCFSM, Cuba
Maria Atilano, World March of Women, Mexico
Monica Di Sisto, FAIR, Italy
Yoko Kitazawa, Japan Network on Debt & Poverty, Japan
Marcela Escribano, Alternatives
Vinod Raina, Alternatives Asia, India
Njoki Njoroge Njehu, Daughters of Mumbi Global Resource Center, Kenya
Ali Karamat, Pakistan Peace Coalition (PPC)/Pakistan Institute of Labour Education and Research, Karachi (PILER), Pakistan
Piero Bernocchi, Italian Coordination for ESF and WSF, Italy
Ana Prestes, OCLAE
Feroz Mehdi, Alternatives International
Amit Sengupta, Peoples Health Movement, India
Osvaldo Leon, Agencia Latinoamericana de Información
Tradução Blogo Social Português