Durante um debate sobre hegemonia política e contra-hegemonia no Fórum Social Mundial, o sociólogo português Boaventura dos Santos anunciou que iria se ausentar durante parte das palestras dos demais conferencistas para dirigir-se ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, próximo do evento, e pedir que este arquive todas as ações civis de criminalização ao MST no Estado.
No mesmo dia, em outra mesa do FSM, sobre direitos humanos que reunia 50 promotores e procuradores do país, e na qual ele não era painelista, Boaventura pediu a palavra pra criticar tanto a ação do MP quanto do Governo do Estado contra o movimento social. “Se a criminalização continuar, o ar do Rio Grande do Sul torna-se irrespirável para o Fórum Social Mundial”, declarou.
Foto: Letícia Duarte
Segundo Boaventura, as medidas de criminalização criaram um “Estado de Exceção” no Rio Grande do Sul. O sociólogo também criticou o fechamento das Escolas Itinerantes: “Se proíbem as marchas, se proíbem as escolas itinerantes, depois se criminalizam os pais por não mandarem os filhos às escolas”.
Momentos antes da intervenção de Boaventura dos Santos, o integrante do Comitê Estadual contra a Tortura, Carlos D’Elia apresentou denúncia da “disseminação da prática de tortura no Rio Grande do Sul”, utilizando as ações da Brigada Militar em São Gabriel como referência. Segundo relatório do Comitê, a polícia utilizou cassetetes, balas de borracha e armas elétricas com as famílias acampadas, resultando em inúmeros feridos e no assassinato de Elton Brum em um despejo no ano passado.
Na noite de quinta-feira (28/1), entidades, movimentos sociais e personalidades realizaram ato contra a criminalização na Assembléia Legislativa gaúcha.