Assembleia dos movimentos sociais encerra fórum em Poa

Foto: Walter Fagundes

O Fórum Social Mundial surgiu em 2001 como uma forma de resistência dos povos de todo o planeta contra a avalanche neoliberal dos anos 90. Dessa forma ganhou força e se tornou um grande pólo contra hegemônico ao capitalismo financeiro. Nesses 10 anos passou pelo Brasil, Venezuela, Índia, Quênia levando a esperança de um mundo novo. Foi dessa maneira que o FSM conseguiu contagiar corações e mentes para a idéia de que é sim possível construir outro mundo com justiça social, democracia, sem destruir o planeta e valorizando as culturas nacionais. O FSM foi fundamental para construir uma nova conjuntura que valorize o multilateralismo e a solidariedade entre
os povos. E é assim que partiremos para novas lutas e para construir o próximo Fórum Social Mundial em Dakar em janeiro de 2011.

Com o declínio do neoliberalismo e a crise do capitalismo entraram em choque também os valores capitalistas. Assim, o capitalismo predatório que destrói o meio ambiente causando graves desequilíbrios climáticos, que desrespeita
os povos de todo o mundo e suas soberanias, explora o trabalhador e desestrutura o mundo do trabalho, que exclui o jovem, discrimina o homossexual, oprime a mulher, marginaliza o negro, mercantiliza a cultura,passa a ser questionado. Portanto, as crises atuais nada mais são do que crises do modelo de desenvolvimento adotado, que é o das grandes corporações capitalistas. De tal maneira, essa crise do Capitalismo coloca os movimentos sociais em situação mais favorável para travar a luta.

O mundo mudou. E a crise do sistema financeiro mundial é uma derrota do imperialismo. Assim caminha-se para a busca de soluções multilaterais reforçando órgãos como o G-20. Ao mesmo tempo emergem novas potencias como o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) que representa o fortalecimento das nações emergentes. Isso sem falar na América Latina que atrai os olhos de todo o planeta diante de sua onda transformadora e mudancista. Escorre pelo
ralo o velho ideário neoliberal do Estado mínimo e o Estado volta a ser o grande instrumento de fomentação do desenvolvimento.

Por outro lado, a hegemonia mundial ainda é capitalista e as elites não entregarão o continente que sempre foi tido como o quintal do Imperialismo de mão beijada. Não é à toa a promoção do golpe em Honduras em 2009 e contra Chávez em 2002, a desestabilização de Lugo no Paraguai, a tentativa de golpe contra Lula no Brasil em 2005. A turma do neoliberalismo não esta morta e demonstrou isso nas eleições do Chile. Ao mesmo tempo, as elites se utilizam
e fortalecem novos instrumentos de dominação. Sua principal arma hoje é a grande mídia e os grandes veículos de comunicação. São esses organismos que funcionam como verdadeiros porta-vozes das elites conservadoras e golpistas. Nesse sentido ganham força os movimentos de cultura livre que conseguem driblar o monopólio midiático e influenciar a opinião de milhares de pessoas e a necessidade do fortalecimento das rádios comunitárias.

O Imperialismo mostra a cada dia a sua face. Elegeu Obama em um grande movimento de massas carregando consigo as esperanças do povo estadunidense em superar a era Bush. Entretanto o Imperialismo continua sendo Imperialismo. Dessa forma cresce seu o olho diante das grandes riquezas
descobertas como o Pré-sal. Os EUA reativaram a quarta frota marítima e instalaram mais bases militares na Colômbia de seu amigo Uribe, além de insistir no retrógrado bloqueio a Cuba.

Os movimentos sociais reunidos no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre reafirmam seu compromisso com a luta por justiça social, soberania, pela integração solidária da América Latina e de todos os povos do mundo, pelo
fortalecimento do multilateralismo, contra o Imperialismo, pela autodeterminação dos povos e contra todas as formas de opressão. Dessa forma, os movimentos sociais brasileiros convocam a Assembléia Nacional dos
Movimentos Sociais para o dia 31 de maio em São Paulo e definem as seguintes bandeiras de luta:

SOBERANIA NACIONAL

– Defesa do Pré-sal 100% para o povo brasileiro;

– Pela retirada das bases estrangeiras da América Latina e Caribe;

– Defesa da autodeterminação dos povos;

– Pela retirada imediata das tropas dos EUA do Afeganistão e do Iraque;

– Pela criação do Estado Palestino;

– Contra os Golpes de Estado a exemplo de Honduras;

– Contra a presença da 4ª Frota na América Latina;

– Pela integração solidária da América Latina;

– Contra a volta do neoliberalismo

– Pelo fortalecimento do MERCOSUL, UNASUL e da ALBA;

– Pela democratização e o fortalecimento das forças armadas;

– Pela defesa da Amazônia como patrimônio nacional.

*

DESENVOLVIMENTO

*

– Por uma política nacional de desenvolvimento ambientalmente
sustentável, que preserve o meio ambiente e a biodiversidade, e que
resguarde a soberania sobre a Amazônia brasileira.

– Por um Projeto Nacional de Desenvolvimento com distribuição de renda e
valorização do trabalho;

– Pelo fortalecimento da indústria nacional;

– Contra o latifúndio;

– Em defesa da Reforma Agrária;

– Redução da jornada de trabalho sem redução de salários;

– Por políticas Públicas para a Juventude;

– Defesa de formas de organização econômica baseadas na cooperação,
autogestão e culturas locais;

– Pela alteração da Lei Geral do Cooperativismo e da conquista de um
Sistema de Finanças Solidárias e Programa de Desenvolvimento da Economia
Solidária (PRONADES), do Direito ao Trabalho Associado e Autogestionário, e
de um Sistema de Comércio Justo e Solidário;

– Por um desenvolvimento local sustentável.

– Por Políticas Públicas de Igualdade Racial;

*

DEMOCRACIA

*

– Contra os monopólios midiáticos;

– Contra a criminalização dos movimentos sociais;

– Em defesa da Cultura livre: É necessário que todo o processo de
criação e difusão seja livre, garantindo aos sujeitos sociais condições
suficientes para criarem e acessarem todos os bens culturais.

– Pela ampliação da participação do povo nas decisões;

– Contra o golpe em Honduras;

– Contra a desestabilização dos governos democráticos e populares da
América Latina;

– Democratizar os meios de comunicação, visando a pluralidade de
opiniões e o respeito e difusão das opiniões das minorias. Pela criação
imediata de um canal aberto de televisão pública. Pela integração da TV
pública brasileira ao projeto da Telesul. Fortalecimento das rádios e TVs
públicas e comunitárias. Concessão de linhas de financiamento a projetos de
criação de novas TVs, Rádios, Jornais e Revistas de grande circulação por
parte dos movimentos sociais populares quando da mudança do modelo
analógico
para o modelo digital brasileiro.

– Pelo fim das patentes de remédios;

– Contra o caráter restritivo a distribuição de conhecimento e
propriedade intelectual; Pela revisão da lei de direito autoral brasileira,
enfocando nos novos formatos de distribuição de conteúdo em mídias
digitais.

– Contra a intolerância religiosa, em defesa do Estado laico.

*

MAIS DIREITOS AO POVO

*

– Educação pública, gratuita e de qualidade para todos e todas, com a
universalização do acesso, promoção da qualidade e incentivo à permanência,
seja na educação infantil, no ensino fundamental, médio e superior. Por uma
campanha efetiva de erradicação do analfabetismo. Adoção de medidas que
democratizem o acesso ao ensino superior público;

– Defesa da saúde pública garantindo acesso da população a atendimento
de qualidade. Tratamento preventivo às doenças, atendimento digno
às pessoas
nas instituições públicas;

– Pela garantia e ampliação dos direitos sexuais reprodutivos;

– Contra a exploração sexual das mulheres;

– Pelo fim do fator previdenciário e por reajuste digno para os
aposentados.

*

SOLIDARIEDADE

– Solidariedade ao povo haitiano diante do recente desastre ocorrido em
virtude de uma sequencia de terremotos.

– Solidariedade ao povo cubano pela liberdade dos 5 prisioneiros
políticos do Império.

– Solidariedade aos povos oprimidos do mundo.

*

CALENDÁRIO.

08 MARÇO DIA INTERNACIONAL DA MULHER;

MARÇO JORNADA DE LUTAS DA UNE E UBES

01 MAIO DIA DO TRABALHADOR

31 MAIO ASSEMBLÉIA NACIONAL DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

1 DE JUNHO CONFERENCIA NACIONAL DA CLASSE TRABALHADORA