Para o jornalista Antonio Martins, do Attac Brasil, a partir da crise econômica que se espalhou pelo mundo em meados de 2008 abre-se um novo cenário, que demanda ações para tornar a esfera global hoje existentejusta e democrática. “Precisamos transformar valores, como os de solidariedade e cooperação, em lógicas e políticas. Há um déficit de comunicação no Fórum Social Mundial, que ainda não foi capaz de articular um diálogo permanente entre as organizações e movimentos”, apontou.
Ele apontou ainda a necessidade de se defenderem propostas concretas para problemas que estão na pauta e exigem respostas, como a imigração, o trabalho e a mudança climática.
Taoufik Ben Abdallah, do Senegal, também defendeu que se estalebeçam “plataformas sul-sul”. “Faz dez anos que temos o Fórum e isso ainda não aconteceu. O altermundismo avançou na solidariedade, mas falta integração entre as forças sociais”.
No contexto geral, ele vê como positiva constituição do multilateralismo, com o surgimento de novas potências, como a China. “Isso oferece desafios e oportunidades porque o capitalismo está sendo questionado em seus fudnamentos estruturais”, afirmou.
Na opinião da brasileira Socorro Gomes, do Cebrapaz,apesar da menor participação dos Estados Unidos na riqueza mundial, ainda é preocupante o enorme poderio militar do País, o que ainda o coloca em posição dominante no mundo, juntamente com a União Europeia, a despeito das nações emergentes. “Só aumenta a sua agressividade e é notável a reação a governos como os de Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa”, ponderou.
O problema ambiental foi a abordagem do sul-africano Patrick Bond, para quem é preciso estabelecer “uma nova ordem climática”, especialmente depois do fracasso de Copenhague. Ele ressaltou a necessidade de haver mobilização para que seja imposta uma redução drástica das emissões. “No curto prazo, não podemos esperar que as elites nos ajudem. Isso terá que vir das bases”, afirmou.
Além disso, é necessário que seja quitada a dívida ambiental existente. Segundo ele, as consequências dos problemas ambientais já somam US$ 400 bilhões e têm devedores e credores conhecidos. “Os ativistas concordam que o Norte precisa pagar ao sul por esses danos”.
Imperialismo periférico
Último a falar, o belga Eric Toussaint foi responsável por polemizar o tema, ao denunciar o subimperialismo ou imperialismo periférico praticado pelo Brasil na América Latina. “A Petrobras pressiona Equador e Bolívia pelos seus interesses. E a Odebrecht corrompe governos para assegurar seus negócios”, exemplificou.
Ele questionou ainda o envio de tropas brasileiras ao Haiti, antes e após o terremoto que devastou o País. “Mandou 9 mil soldados para quê? Para competir com os Estados Unidos.” E criticou: “Se isso é como age um governo de esquerda, para mim, a esquerda é mais do mesmo.”
[en]
Following neoliberal hegemony and the era of a single dominant power, a new order has revealed itself at the end of this first decade of the 21st Century. This was the subject of a debate included in the programme of the concluding seminar of the 10 Years of the WSF event, last Thursday, 28th.
According to the journalist Antonio Martins, from Attac Brasil, since the economic crisis that spread through the world during 2008, a new situation has opened up that demands action to turn the current global scene into a democratic and just one. “We need to transform values, such as those of solidarity and cooperation, into mindsets and policies. There is a communication deficit at the World Social Forum, which continues to prevent it from being capable of establishing a permanent dialogue between organizations and movements”, he stated.
He also highlighted the necessity of defending concrete proposals to deal with problems that are currently on the agenda and demand responses, such as immigration, labour and climate change.
Taoufik Ben Abdallah, from Senegal, also defended the establishing of “south-south platforms.” “There have been ten years of the Forum and this still has not happened. Alter-worldism has advanced in terms of solidarity, but it lacks integration between social movements.”
In a general context, he sees the increase of multilateralism, with the rise of new powers like China, as a positive thing. “This offers challenges and opportunities because capitalism is being questioned at its structural foundations”, he said.
In the opinion of the Brazilian, Socorro Gomes, from Cebrapaz, despite the United States’ decreasing share in global wealth, the enormous military might of the country is worrying as it still puts it in a dominant world position, along with the European Union, in spite of these emerging nations. “It only increases in aggressiveness, and its reaction to governments such as those of Hugo Chávez, Evo Morales and Rafael Correa are particularly notable”, he pointed out.
The South-African Patrick Bond approached the environmental problem, stating that it is necessary to establish “a new world order for the climate”, especially after the failure of Copenhagen. He emphasized the necessity of mobilization to help enforce a drastic reduction of emissions. “In the short term, we cannot expect the elites to help us. This will have to come from the grassroots”, he stated.
Furthermore, it is necessary that the current environmental divide be closed up. According to him, the costs of environmental problems already total US$ 400 billion, and that the debtors and creditors are well known. “Activists agree that the north needs to pay the south for these damages.”
Peripheral imperialism
Last to speak, the Belgian Eric Toussaint was responsible for polemicizing the debate, by denouncing the sub-imperialism, or peripheral imperialism practised by Brazil in Latin America. “Petrobras pressures Ecuador and Bolivia according to its interests. And Odebrecht bribes governments to secure their business”, he gave as examples.
He also questioned the sending of Brazilian troops to Haiti, both before and after the earthquake that devastated the country. “Nine thousand troops were sent, for what? To compete with the United States. If this is how a left-wing government acts then, for me, it is just more of the same”, he criticized.
Translation: Jack White