A afirmação é do jornalista israelense Gideon Levy, do Haaretz, uma publicação local de centro-esquerda. Em entrevista à Ciranda, ele explicou que essa mídia tradicional tem tido papel relevante na manutenção do status quo na região e mesmo agravamento da situação, ao desumanizar e demonizar os palestinos. Portanto, passaria uma imagem que permitiria ao “outro” vê-los não como iguais e, portanto, aceitar a opressão e a violência a que são submetidos cotidianamente. Exemplo disso, dado pelo próprio Levy, durante seminário no Rio de Janeiro, há alguns meses, foi a cobertura durante a ofensiva a Gaza ao final de 2008 e início de 2009. Segundo ele, dava-se mais destaque à morte de um cão do exército israelense do que à de um palestino, o qual não passava de um número nas reportagens. Assim, manipula-se a opinião pública. Nem mesmo a admissão por parte do Governo de Israel de que teria sido utilizado fósforo branco nos ataques a Gaza provocou quaisquer mudanças nesse modelo. Simplesmente porque as pessoas comuns nem tomam conhecimento disso.
Levy lembra que felizmente esse padrão encontra contrapontos, em todo o mundo, graças às novas tecnologias, com mídias independentes e alternativas. Contudo, destaca que é preciso acelerar essas mudanças. A despeito disso, suas perspectivas não são otimistas. O motivo: para ele, o fim da ocupação de territórios depende de alteração drástica na conjuntura atual, o que, por sua vez, só vai ocorrer se houver ação internacional coordenada. Infelizmente, ainda precária diante do trágico cenário. Reforçar a solidariedade global e pressionar o Estado de Israel a que dê fim aos assentamentos e a sua política expansionista ilegal se faz urgente.