Recife – O conflito que marcou a abertura do II Fórum Social Brasileiro (FSB) parece ter terminado neste sábado (22). Em um ato público nesta manhã, as entidades organizadoras do FSB devolveram a arma perdida por um policial militar durante o conflito que deixou quatro feridos na marcha de abertura.
A pistola foi apresentada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por “um militante do movimento urbano” que não quis se identificar, segundo Alexandre Conceição, da coordenação estadual do MST. Ainda segundo Alexandre, o MST procurou as outras entidades organizadoras do II FSB. Decidiram fazer uma entrega pública da arma à organização de direitos humanos Terra de Direitos e aos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Pernambuco.
A Terra de Direitos e o presidente da comissão, deputado estadual Roberto Leandro (PT), irão entregar a arma à Polícia Militar pernambucana. Também se comprometeram a registrar o caso no Ministério Público Estadual, para que seja investigado.
“Nossas armas para a conquista da reforma agrária são a perseverança e o sonho”, disse Alexandre, durante o ato de entrega. “As armas que o Estado deveria usar para proteger a população, infelizmente, não estão sendo utilizadas corretamente”. Um grupo de crianças sem-terrinha soltou cinco pombas e distribuiu rosas brancas. Em uma cesta fechada, entregaram a arma aos deputados e à organização.
Ainda antes da entrega da arma, o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Rodney Miranda, afirmou que o episódio será apurado, por meio de inquérito policial. “Se houve abuso de um lado ou de outro, vamos apurar”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.
O tenente-coronel Éden Vespasiano, assessor de comunicação da Polícia Militar, declarou à Agência Brasil que os policiais buscavam um assaltante que teria se infiltrado na multidão. A presença dos policiais em meio à marcha gerou conflito com os militantes. Um dos policiais sacou da arma e disparou várias vezes contra o ar. Acabou sofrendo uma tentativa de linchamento. O resultado foram quatro feridos: dois policiais e dois integrantes do MST. Um deles, o coordenador estadual, Jaime Amorim, teve o polegar da mão direita ferido por um dos disparos do policial.