A última semana foi cruel em Brasília. Calor excessivo; umidade do ar abaixo de 20%. O vento desapareceu. As folhas não balançavam na copa das árvores. No domingo ao meio-dia desci com a Bri para fazer as necessidades. Em 5 minutos a cadela empacou e quis voltar pra casa. Não aguentou o sol e o calor. Realmente ninguém merece o tempo cão…
Depois do almoço em família a conversa divagou para a compra de dois aparelhos de ar condicionado. Pontuei que era desnecessário um aparelho na sala.
Breve começaria a temporada de chuvas. Teríamos umidade e temperatura decentes. Então, deveriam esperar até dezembro antes de tomar a decisão de compra.
Na segunda 21 de setembro, o tempo inclemente piorou. Mormaço indescritível e insuportável. A umidade despencou. Meu nariz desproporcional irrigado constantemente com soro fisiológico sentia cheiro de fumaça. Olhei a paisagem desértica, apurei os sentidos e desejei a chuva do cajuzinho do Cerrado.
Por volta das 14h30, quando conversava com Sergio Storch da coordenação do Círculo de Desenvolvimento do Nordeste (CDR-NE) para detalharmos a agenda e a metodologia da reunião, percebi os pingos da chuva. Meu nariz foi inundado pelo cheiro de terra seca molhada. Não me contive. Berrei: chuva, trovão, raios que nos benzam! Meu amigo paulistano fixou perplexo com minha euforia. Deve ter pensado com seus botões: Adrô fumou orégano estragado!
Depois da conversa de trabalho sentei-me na varanda para apreciar a coreografia chuva no compasso do ribombar dos trovões e nos cânticos agudos dos pássaros fujões. Fotografei a paisagem emoldurada pelo horizonte da cor de chumbo. Corri para publicar as fotos no facebook com um texto sintético para compartilhar a festa da primeira chuva, após meses sem dar nó em pingo d’água.
Os raios, trovões, gotas largas e rajadas de vento tomaram conta do espetáculo primaveril. As portas internas abertas bateram e o coração disparou de alegria. Nem mesmo a falta de energia – que atrapalhou a minha participação na live com o governador Flávio Dino – foi capaz de roubar o meu bom humor
Bendita chuva. Amém deusa das águas. Obrigado Oxumaré.
Brasília, 22/9/2020.
Adrô de Xangô
Imagens: Adroaldo Quintela
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