Um tempo lá atrás, alguém resolveu digitar na busca do google a frase ‘‘mulheres negras dando aula’’, e após uma clique na pesquisa por imagens, as fotos que surgiam eram de mulheres pretas em cenas de sexo explícito. Ao trocar por ‘‘mulheres brancas….’’, aí seu ‘‘google’’ mostrava professoras ‘‘parmalat’s’’, de fato lecionando, em uma sala de aula, com crianças inocentes, roupinha de professora, a la pró Raquel da novela ‘‘Carrosel’’. Nenhuma professora branca ensinando ‘‘ousadia’’ em um filminho do xvideos ou em sites do gênero.
Tal fato ascendeu uma grande discussão acerca dos resultados das pesquisas, que devolviam imagens, frases que reforçam estereótipos relacionado a população preta, a exemplo da objetificação sexual da mulher preta. Parece-me que o pessoal do Google, alterou a sequencia dos algoritmos, talvez para ficar bem na ‘‘fita’’, sobretudo, em tempo de campanhas contra a violência racial e a intensidade de tal debate na sociedade.
Em um novo capítulo desta já denunciada pratica racista, passeando essa semana pela tela do meu celular, percebo em um vídeo, naquele momento mudo, a expressão de indignação e tristeza de uma mulher preta. Em verdade, era Sá Ollebar, uma digital influencer, eu acho – na verdade nem sei ao certo o que é esta ocupação – sei que ela se dedica a vídeos sobre Yoga e autocuidado.
Cliquei no botão do áudio para ouvir do que se tratava. Era um relato de um triste estratagema que aumentou bastante o tal do ‘‘engajamento’’ desta mulher preta no Instagram, a partir do momento que ela passou a postar fotos de mulheres brancas durante uma semana.
Em um período de tanta discussão, é como se esta talentosa ‘‘digital influencer’’ ou coisa do gênero, só sei que faz um excelente trabalho com seus vídeos, tivesse que pintar seu rosto com pó branco, tal como jogadores pretos brasileiros que tiveram que colocar pó de arroz para mostrar seu talento no futebol, no início do século passado, em meio de jogadores brancos, bons, medianos e medíocres.
A grande questão trazida pela página @pretitudes não é algoritmo, mas as pessoas por detrás, que a partir de suas visões de mundo, formata as buscas nas redes sociais de acordo com racismo que está entranhado em suas subjetividades.
Quando falamos que não existe racismo reverso, é por estas razões.
imagem: Facebook Sá Ollebar e DSTC
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