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Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior, inspirado em Milton Santos, escreve seus trabalhos sobre a região Amazônica problematizando a perspectiva da “cidade na floresta” e a “cidade da floresta”, de forma que a primeira simbolize uma relação de pouca simbiose entre elementos urbanos e ecossistema florestal. Estas discussões permitem aprofundar formas de efetivar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável – ODS n. 4 da Agenda 2030, que diz respeito a “Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”.
Neste sentido, considerando o Brasil um país de proporções continentais, que abarca diversos tipos de ecossistemas, paisagens e naturezas, as políticas educacionais, as quais, tradicionalmente, focam em dimensões socioeconômicas e educacionais para seu planejamento, devem iniciar novo movimento para considerar, também, a dimensão da sustentabilidade socioambiental.
A relação entre educação e sustentabilidade não é recente, entretanto, dá-se mais comumente em atividades formativas e educativas, fomentando a área da Educação Ambiental que estimula estudos e práticas tanto dentro do sistema regular de ensino, em especial da Educação Infantil e nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental, quanto na seara da educação não-formal, tendo o meio ambiente como tema transversal destas ações.
Por outro lado, essa aproximação da gestão escolar com a sustentabilidade socioambiental no nível da política pública educacional, é algo bastante recente, pois convida a pensar a ampliação de vagas, universalização de ensino, educação de qualidade, atendimento prioritário, entre outros, a partir de uma lógica para além das questões sócio educacionais.
A proposta visa o rompimento de um ciclo não só de segregação, já que não tira da pauta a preocupação com as dimensões socioeconômicas e educacionais, mas também de degradação, pois uma população que vive em vulnerabilidade não tem condições de romper com processos exploratórios humanos e/ou ambientais por si só, uma vez que se encontram presos nesses mesmos processos.
A política educacional que venha a convergir as 3 dimensões – socioeconômica, educacional e sustentabilidade socioambiental – não só trabalha com práticas educativas e formativas relativas ao meio ambiente, como já vem fazendo, mas vivencia, multiplica e exercita essas práticas num nível de gestão.
Sem discursos fantasiosos e apelativos, é possível dizer que, ao considerar tais dimensões como diretrizes da política educacional, há uma reaproximação do ser humano com a natureza, que é, de certa forma, sua primeira casa. Assim como todos nós buscamos boas práticas de higiene em nossas residências artificiais, é preciso ampliar isso para além das quatro paredes que nos encerram e, consequentemente, pensar para além do núcleo de relações humanas que mantemos.
Se o canudo que você usa e descarta – principalmente quando descarta mal -, prejudica a todos nós, então essas afirmações anteriores não só fazem sentido, como são urgentes, devendo incorporar nosso cotidiano desde as ações locais, até as globais, imbricadas nos processos de políticas sociais como a educação.