Guiadas pela esperança, pela necessidade e determinação em transformar suas vidas, milhares de mulheres do campo e da floresta, de todos os cantos do Brasil, se encontram no Parque da Cidade em Brasília, a partir desta terça, 16. Trazem na matula 2011 Razões para Marchar por Desenvolvimento Sustentável com Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade.
Bandeiras da Marcha das Margaridas, que pretende reunir 100 mil agricultoras e outras trabalhadoras que tais ou solidárias na Esplanada dos Ministérios, na quarta, 17. Antes, participam de oficinas e palestras, trocam experiências de fazeres e saberes, assistem a espetáculos, recebem homenagens no Congresso Nacional.
Estratégia para “conquistar visibilidade, reconhecimento social e político e cidadania plena” para as mulheres do campo e da floresta, a Marcha das Margaridas existe desde 2000. Esta é a quarta.
Reverenciam o aniversário de passagem de Margarida Alves, símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade, justiça e dignidade.
Presidiu por 12 anos o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande, da Paraíba. Fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. Sem medo de cara feia, homem barbado ou fala grossa. Não se limitou ao trivial – se é que trivial se pode chamar o enfrentamento da exploração e levar adiante a defesa dos direitos de trabalhadoras e trabalhadores rurais de seu estado e pela reforma agrária neste país. Margarida foi além: encarou o analfabetismo como um algoz a ser abatido.
Terminou assassinada, brutalmente, pelos usineiros da Paraíba, em 12 de agosto de 1983. O crime permanece impune, 28 anos depois. Dos cinco acusados de mando, apenas dois foram julgados, e absolvidos: Antônio Carlos Coutinho e José Buarque de Gusmão Neto, conhecido como Zito Buarque.
Ficou o exemplo de garra para outras Margaridas, Marias, Elizabetes, Glórias, Esmeraldas… Como dizia Margarida Alves, “é melhor morrer na luta do que morrer de fome”.