Laroyê, Exu! Nos livre da besta

“Águas profundas” é um dos contos, presente na obra “A Lei do Santo”, de Muniz Sodré. Este conto narra os acontecimentos da iminente guerra entre o rei Agbaraiê e Oxum, e como se deu intervenção de Exú no conflito.

Inteligente, astuto, Senhor dos caminhos e da comunicação, Exú é um Orixá que não pode ser ignorado. Até diria que o zelo a Exú é uma regra jurídica, “A Lei do Santo”, pois seu descumprimento traz sérias conseqüências.

O rei Agbaraiê, foi tachado como o rei dos esquecidos por Exú. Este sentou na beira do rio e fez seu pênis crescer enormemente, formando uma ponte até a outra margem para a passagem do exército daquele rei. De repente seu falo murchou, matando afogados os soldados, que marchavam para guerrear contra e nas terras de Oxum.
Agbaraiê não fez as obrigações em reverência aquela divindade, e por tal, viu seus soldados morrerem nos braços de Nanã e o triunfo de Dandalunda, sem que os súditos desta Deusa levantassem uma pena.

Pierre Verger, em ‘’Lendas africanas dos Orixás’’, traz uma narrativa em que dois amigos de infância também ignoraram Exú, ele então “[…] colocou sobre a cabeça um boné pontudo que era branco do lado direito e vermelho do lado esquerdo” – coincidência… vermelho, o lado esquerdo – passou entre os dois e os cumprimentou. Um deles viu Exú com o boné branco, o outro com a cor vermelha, e cada qual passou a disputar um ponto de vista sobre uma verdade em que ambos tinham razão, a verdadeira cor do boné daquele estrangeiro. Desta disputa, insultaram-se e golpearam-se até morrerem.

Então me questiono quais obrigações olvidamos a Exú para que uma besta apocalíptica tome proveito de uma disputa entre irmãos, com visões distintas sobre a mesma realidade, e sob o signo da morte promova a carnificina nestas terras?

Imagem: extraída do Águas de Aruanda

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